Aos Leitores do blog

Sejam Bem-vindos!!! Este é um espaço dedicado a arte e aos seus (futuros) admiradores. Ele é uma tentativa de despertar em seus visitantes o gosto pelo assunto. Aqui, poderão ser encontradas indicações de sites, livros e filmes de Artes Visuais, imagens de artistas, alem do meu processo de trabalho. É o meu cantinho da expressão. Espero que sua estadia seja bastante agradável e proveitosa.
Este Blog é feito para voces e por voces pois muitas das postagens aqui presentes foram reproduzidas da internet. Alguma das vezes posso fazer comentarios que de maneira parecem ofensivos porem nao é minha intençao, sendo assim, me desculpem. Se sua postagem foi parar aqui é porque ela interessa a mim e ao blog e tento focar os pontos mais interessantes. A participaçao dos autores e dos leitores é muito importante para mim nestes casos para nao desmerecer o texto nem acabar distorcendo o assunto

terça-feira, 30 de julho de 2013

O MUSEU E A ARTE CONTEMPORÂNEA

Voces sabem aquele ditado: Quem gosta de passado é Museu? Pois é, isto esta tendo que ser repensado pois o conceito do que se é considerado arte hoje muda tão rapido que agora temos Museus de Arte Contemporanea, ou seja, arte atual que pertence ao nosso tempo. E é sobre este conceito sobre o acervo de arte dos museus de hoje que é tratado no tema da postagem de hoje. Observação: Ela é uma copilação

O MUSEU E A ARTE CONTEMPORÂNEA



   Na arte contemporânea não existem limites estabelecidos para a invenção da obra, embora nem tudo em nome da liberdade, sem critérios e sem o risco de referências, a transgressão sem saber de que, divulgado como arte, é arte. Com o deslocamento dos suportes tradicionais, a exemplo da pintura e da escultura para outras opções estéticas ou experiências artísticas em processo, com o uso de novas tecnologias disponíveis, ou não, mas principalmente com um novo conceito do que vem a ser uma obra de arte, hoje em dia, coloca em xeque o museu tradicional. Determinadas linguagens de natureza diversificadas da atualidade solicitam a reformulação de demandas e estratégias museais; outro modelo museológico e museográfico. 

   O museu é o recipiente de conservar uma coleção e preservar uma herança estética e cultural de um tempo que passou e do presente para significar o possível futuro. Ele ocupa um lugar de destaque entre os diferentes elementos que compõem o sistema da arte. Assim como o hospício e a clínica, é provável ver nele um espaço de confinamento, um espaço sagrado, intocável e asséptico de exposição de objetos, que exige do espectador um ritual de contemplação, quase em silêncio, das chamadas obras de arte. 

  Não é um lugar neutro, tem história e implicações ideológicas. Na primeira metade do século XX, o museu de arte era o depósito de repouso do moderno, questionado no início desse século pelo precursor das poéticas contemporâneas, Marcel Duchamp e seu novo paradigma, bem humorado, para a arte: não mais uma coisa criada pelo artista, mas a coisa que o sujeito reconhecido como artista escolhe e decide para ser a obra de arte.

  O museu como lugar passivo foi desarticulado com o Minimalismo na década de 1960 e logo em seguida a Arte Conceitual entrou em cena questionando de forma crítica e decisiva as instituições culturais, em especial o museu, o templo da sacralização da arte. O embate foi travado entre o museu e as novas propostas artísticas, efêmeras, privilegiando a ideia contra a materialidade que se armazena na instituição e alimenta o mercado de arte com mercadorias. A arte, desde então, passou a ser uma usina geradora de críticas, provocações e incômodos. Os mal-entendidos entre a arte e a instituição museal foram inevitáveis e imprevisíveis.

   O caráter problematizador dessa produção de arte praticamente rejeitou o estatuto da obra de arte como produto, isto contrariou interesses do mercado e o desejo de classificar e acomodar da instituição museológica. Para a arte contemporânea, o museu com sua arquitetura característica, com função de alojar uma diversidade de procedimentos, é um laboratório de ensaio do que pode ser uma obra de arte, um campo de experimentação. O museu é indispensável, é o ponto de partida e a estação de chegada. É ele que legitima o que se designa experiência artística. E o papel do museu, mais do que armazenar obras, é ser um espaço de pensamento crítico e educativo, frequentado por um público ativo e não mero observador do que está em exposição.

   De certa forma, a arte produzida hoje, expõe feridas da cultura e do sistema da arte. E o imaginário museal tem uma importância na formação do olhar capaz de pensar sobre a arte, do olhar que deixou de contemplar passivamente para experimentar e vivenciar. A arte de hoje não nos diz nada como a arte do passado, ela convida o espectador para refletir sobre o que é uma obra de arte e suas relações com o sistema institucional. Nesse caso, o museu é o lugar privilegiado para o exercício do pensamento, até porque, as obras efêmeras são transferidas ou resgatadas para dentro do discurso e da instituição museológica pelos documentos, registros e reproduções.

Almandrade (artista plástico, poeta e arquiteto)

terça-feira, 23 de julho de 2013

A JUSTIÇA E A PROTEÇAO DO PATRIMONIO HISTORICO-CULTURAL

A Justiça e a proteção do patrimônio histórico-cultural

Por Vladimir Passos de Freitas*

                                                              
   A preservação de nossa história e cultura deu um dos seus primeiros passos com a Semana da Arte Moderna em São Paulo, em 1922. Do ponto de vista legislativo, o primeiro e grande avanço deu-se com o Decreto-lei 25, de 1937, ainda em vigor. Porém, foi na Constituição de 1988 que o Brasil  deu mais espaço à matéria, pois, conforme artigo 216, caput:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I -  as formas de expressão;
II  os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Nesta coluna, o tema será centrado no patrimônio histórico existente no nosso sistema judicial. Será analisada sua contribuição para a preservação de nossa memória e da cultura nacional.

Os tribunais e todos os órgãos públicos que participam da Justiça tem o dever constitucional de preservar este patrimônio, por força do disposto no artigo 216, parágrafo 1º da Constituição.  Poder Público “não significa só o Poder Executivo, mas abrange o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, tanto que no artigo 2º esses três Poderes constam como ‘Poderes da União’” (Paulo A. Leme Machado Direito Ambiental Brasileiro, 21ª Malheiros, página 157).

Portanto, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (uma autarquia especial), Advocacia-Geral da União, as Defensorias Públicas, polícias e outros, têm um importante papel ao resguardar sua história através de filmes, entrevistas, notícias da mídia, retratos, cópias de peças processuais, tudo enfim que sirva para preservar o momento vivido.

A iniciativa privada também pode colaborar. A “Revista Magister de Direito Ambiental e Urbanístico” tem o espaço “Caderno de Direito do Patrimônio Cultural”, com doutrina e jurisprudência sobre a matéria.

No passado, o descaso com nossa história judiciária era total. Parte dela se perdeu nos arquivos públicos, em meio a incêndios, enchentes traças ou cupins. Para que se tenha ideia do despreparo, nem no Ministério da Justiça existe arquivo com a relação de todos os juízes federais da primeira fase da Justiça Federal, compreendida no período entre 1890 e 1937. Assim, exemplificando, se alguém quiser saber quem foram os magistrados federais da Bahia  naqueles 47 anos só conseguirá quatro nomes (vide Justiça Federal, histórico e evolução no Brasil,Vladimir P. Freitas, Juruá, ps. 39 e 41).

E sobram casos interessantes. Vejamos um exemplo. No Sergipe, em 13 de julho de 1924, três militares do Exército tomaram o Palácio do Governo e comunicaram o fato às  autoridades do local. Os juízes federais Francisco  C. Nobre de Lacerda e Francisco Vieira de Mello responderam o ofício. Foi o suficiente para serem denunciados como cúmplices dos revoltosos, sujeitos à pena de banimento. De magistrados a réus, foram absolvidos em 28 de agosto de 1925 pelo juiz federal Paulo Martins Fontes, da Bahia, especialmente designado.

A maioria dos tribunais vem tomando boas medidas. Via de regra, por trás delas se encontra um magistrado ou servidor dedicado que se dispõe a convencer os gestores da necessidade de tais iniciativas. Vejamos alguns exemplos.

Na Justiça Federal do Paraná, a “Sala de Memória”, abriga processos do século XIX, documentos de grande relevância, bens apreendidos, mapas da época, enfim farto material histórico. O detalhe é que pode ser visitado de forma virtual, neste link. O Memorial do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul é exemplar. Possui um museu, núcleo de pesquisas, história oral, centros de memória regional e a Revista Justiça e História (clique aqui para conhecer).

O TJ de Pernambuco, estado rico em tradições, também tem seu Memorial de Justiça. O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) tem uma interessante mostra da Justiça do Trabalho através do seus utensílios. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, sediado no Distrito Federal, possui a chamada  “Linha do Tempo”, na qual apresenta julgamentos históricos, livros, vídeos e pede a colaboração de todos na campanha “pró-memória”.

O TRF-4, com sede no RS, vem tombando processos históricos. Os sites dos TJs do Piauí e Roraima não revelam iniciativa em tal sentido. Em MG, único estado brasileiro que conta com uma Promotoria especializada em patrimônio histórico, vem sendo digitalizados os processos mais relevantes.

Mas, a par da preservação de documentos, petições, objetos de crimes, móveis, vestes talares e tantas outras coisas materiais, há que se ir mais longe, pensar também se há patrimônio imaterial a ser resguardado.

Ensina Danilo Fontenele Sampaio que “as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver, as criações científicas, artísticas e tecnológicas e demais atividades possuidoras de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira compõem o patrimônio imaterial”. (Patrimônio Cultural. Proteção Legal e Constitucional, Letra Legal, página 119).

Hábitos, práticas forenses antigas, atividades artísticas, não deveriam ser preservadas,  objeto de registro em livro próprio na forma do artigo 1º do Decreto 3.551/2000? Sim, sem dúvida. Por exemplo, os grandes julgamentos do Tribunal do Júri, os ricos casos forenses, verdadeiras lendas que são transmitidas narrando a sagacidade de alguns advogados. Também merecem atenção a Páscoa da Família Forense, as reuniões aos sábados de manhã nas livrarias jurídicas — onde todos iam —, a prática dos anos 60 de entrega dos autos por um funcionário do Cartório diretamente no escritório dos advogados e os corais existentes em vários tribunais.

O que fazer? Algumas sugestões:

1. Localizar, digitalizar e expor processos relacionados com momentos históricos importantes. Nesta linha, foi de grande felicidade a iniciativa do TJ-SP ao digitalizar o inquérito policial que resultou na morte de quatro estudantes, em 1932, cujas iniciais MMDC deram nome à revolução de 9 de julho daquele ano, que resultou na Constituição democrática de 1934.

2. Juízes de primeira instância podem fazer muito a favor da preservação. Um bom exemplo vem-nos da Justiça Federal no Rio Grande do Sul. Por iniciativa da juíza Andréia Castro Dias, firmou-se um convênio com a Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG), para a Gestão Documental e Memória Institucional. No prazo de três anos, estudantes e professores de arquivologia analisarão cerca de 73 mil processos existentes no acervo (clique aqui para ler sobre o assunto).

3. A memória dos processos digitais deve ser pensada. No TRF-4 não existem mais processos judiciais ou administrativos em papel. Como preservar um processo eletrônico? Como expô-lo? Sala de memória virtual?  Aí está um desafio a ser enfrentado.

4. Professores de Direito podem estimular seus alunos a visitar museus judiciários ou salas de memória, pedindo relatório e atribuindo-lhes pontos a título de estímulo. Ao contrário do que se pensa, os jovens têm grande interesse neste tipo de atividade e aderem sem resistência.

5. Tribunais e fóruns podem separar processos históricos  e colocá-los em espaços dedicados à memória. Por exemplo, o primeiro julgamento latinoamericano de pessoa jurídica por crime ambiental (TRF-4,  Apelação Criminal 2001.72.002225-0/SC, relatado por Elcio P. Castro, acórdão comentado por Fernando Galvão em “Julgamentos Históricos do Direito Ambiental”, Millennium, 2010).

Em suma, o patrimônio brasileiro não está apenas nas maravilhas da natureza, monumentos e cultura popular. Está também nos tribunais, fóruns e nos demais órgãos do sistema judicial. É nosso dever preservá-los para as futuras gerações.

*Desembargador federal aposentado do TRF 4ª Região, onde foi presidente, e professor doutor de Direito Ambiental da PUC-PR.

terça-feira, 16 de julho de 2013

PATRIMONIO CULTURAL EM RISCO PERMANENTE

Patrimônio cultural em risco permanente

O texto a seguir nos conta a historia do surgimento dos mercados, porem na minha opinião esquece de informar diretamente aos leitores que mercados são considerados patrimonios imateriais, pois isso é deixado subentendido. Mas porque considerar o mercado como patrimonio imaterial se ele é um elemento físico. Isso ocorre porque o mercado somente existe verdadeiramente quando se esta aberto ao publico e la ocorrem manifestações e transitos que somente a estrutura física deste espaço nao consegue representar por si só. 




Por Sandra Cureau*


O descaso das autoridades com um dos cartões postais de Porto Alegre dá bem a marca da importância que emprestam ao patrimônio cultural.


  Nas sociedades primitivas, a distribuição dos produtos agrícolas era feita a 
todos os integrantes dos grupos sociais, conforme vínculos e alianças que se formavam entre eles.

   
  Os mercados surgiram na Idade Média, para permitir aos senhores feudais a venda das colheitas de suas terras. Eram semelhantes às feiras livres e não tinham locais ou datas fixos. Forneciam, além dos produtos do campo, utensílios comuns à vida diária.

   
   Em 1137, na Baixa Idade Média, iniciou-se a construção do mercado dos Halles em Paris. Nessa época, o aumento demográfico e o renascimento do comércio na Europa, associados às inovações técnicas que permitiam maior produtividade do solo, geraram a necessidade da construção de prédios para comercialização dos produtos do campo.

   
       Os mercados espalharam-se pelas cidades e são hoje, em todo o mundo, pontos de atração turística pela importância histórica que adquiriram, pelas características arquitetônicas e pela própria dinâmica e riqueza interior.


   O Mercado Central de Porto Alegre, também conhecido como Mercado Público, foi construído em 1869, em estilo neoclássico. Estabelecimentos que nele se encontram, ou se encontraram um dia, como o restaurante Treviso _ famoso pelas canjas que oferecia nas madrugadas à boemia porto-alegrense e que foi testemunha de importantes acontecimentos históricos _, tornam-se parte da memória coletiva da cidade.


   O incêndio da noite do último sábado, de grandes proporções, consumiu a maior parte do pavimento superior e o telhado antigo de cerâmica. Apesar da chuva, o fogo alastrou-se rapidamente e só foi controlado três horas depois. Especialistas estimam que outras partes do prédio podem ter ficado comprometidas. (...)


    O tempo presente é uma construção social: lembrar-se é, em grande parte, não esquecer. Neste contexto, os bens patrimoniais servem como um apoio à memória, uma vez que o passado só existe porque se apoia nos objetos que lhe estão ligados.


    Este é o quarto incêndio que atinge o prédio do Mercado. Os outros ocorreram em 1912, 1976 e 1979.  O comprovado descaso das autoridades com um dos cartões postais de Porto Alegre dá bem a marca da importância que emprestam ao patrimônio cultural, como testemunho da memória e da identidade do nosso povo.


  *Vice-procuradora-geral da República e especialista em Direito do Patrimônio Cultural

Fonte: Zero Hora

 O que o texto nos quis mostrar alem da historia do mercado e a importancia do mercado. Que mesmo que os monumentos se tornem caracteristica e simbolo de uma cidade, as autoridades esquecem de manter os devidos cuidados com estes conjuntos de bens culturais da cidade deixando os desprotegidos sem haver a conservação e a proteção necessária para a sua manutenção e permanencia

terça-feira, 9 de julho de 2013

GOIÁS - O TRABALHO DOS RESTAURADORES


  Em minha opinião o texto apresenta alguns pequenos erros que vou comentar aqui antes de vocês inicia-los fora isso ele esta correto e faz uma boa apresentação sobre a profissão (* acréscimo meu)
Pequenas correções: "O restaurador tem como função primordial garantir que a obra de arte a ser restaurada permaneça íntegra, mantendo suas características originais durante décadas ou séculos" O restaurador não restaura a peça para que ela mantenha suas caracteristicas originais. Do jeito que esta aqui eu entendi que a peça fica como se fosse antes e nao é assim, a restauração tenta aproximar das caracteristicas originais e se a peça esta faltando e nao ha referencia ela continua faltante sim pois nao se pode criar a partir do que nao se tem referencia. Se o artista criar na restauraçao entao estará falsificando. 

O trabalho dos restauradores


Trabalho de restauradores tem como objetivo perpetuar obras de arte, sejam elas pinturas, 
esculturas ou gravuras (*ou objetos de Igrejas e arquitetura)

Garantir perpetuação e reconhecer o valor histórico das obras de arte de uma forma geral, é o papel dos restauradores. Uma profissão fascinante e minuciosa, que lida diariamente com a ciência, e exige muito cuidado e atenção de seu executor. O restaurador tem como função primordial garantir que a obra de arte a ser restaurada permaneça íntegra, mantendo suas características originais durante décadas ou séculos. São desenvolvidos projetos de restauração e conservação, que evoluem cada dia mais com as novas tecnologias. Entre os objetos que podem ser restaurados, estão: livros, manuscritos, esculturas, pinturas, fotografias e monumentos, seja ele de valor sentimental ou histórico.

   O restaurador analisa as condições em que tais obras de arte ou objeto estão, a partir disso, se devem ou não permanecer no local, com o intuito de prolongar a vida das peças. Este profissional pode trabalhar em órgãos oficiais do patrimônio, museus, igrejas, galerias de arte e bibliotecas ou consultor.
 
   Mônica Lima de Carvalho é restauradora, e atualmente trabalha na Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela coordenou o projeto intitulado “Ação Educativa/Educação e Comunicação: implantação de um novo sistema de comunicação museal para a exposição de longa duração do Museu Antropológico da UFG”. O projeto culminou com a reformulação física da exposição de longa duração, além da implantação de subprojetos de apoio, como a construção de câmara externa de fumigação, a adequação da Reserva Técnica Etnográfica, a implantação do Laboratório de Conservação e Restauro, o estágio de conservação em coleções etnográficas no Royal Albert Memorial Museum Art & Gallery, em Exeter, na Inglaterra, onde teve a oportunidade de especializar-se pelo período de seis meses em conservação, restauração e gerenciamento de coleções etnográficas e arqueológicas.
  • Dificuldades para formação
   Mônica ressalta os prós e contras da profissão, e as possíveis vertentes da restauração. Ela fala da importância, para quem pretende seguir essa carreira, de saber outro idioma, além das dificuldades encontradas no percurso da graduação e possíveis especializações. “Aqui no Brasil, a graduação nesta área, só é encontrada no Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É preciso muita dedicação, não é um curso qualquer em que podemos ficar somente com a sala de aula, a cada especialização, você percebe o quanto o estudo aprofundado é de fundamental importância para seu crescimento como profissional. Uma das graduações da UFG, oferece apenas uma matéria a respeito de montagem de quadros. Atualmente, os cursos oferecidos pela Faculdade de Artes da UFG,  deixam muito a desejar no quesito introdução a preservação e conservação de obras de arte, quanto à tecnologia de construção, como por exemplo, escultura policromada, pintura de cavalete, gravura e técnicas mistas”, esclarece.
  • Exigência de dedicação
    Segundo Mônica, o curso de especialização é realizado em Belo Horizonte, era financiado com a ajuda de verbas do exterior, e disponibilizava bolsas oferecidas pela Capes aos alunos. Ela cita, que no Brasil, não há muito investimento nos profissionais ou na área de restauração. No entanto, o salário para quem pretende ingressar na carreira, pode variar de R$ 3 mil a R$ 6 seis mil, nas universidades federais. “Boa parte das bibliografias do curso são do exterior, ou seja, em outro idioma, por esse motivo, quem sabe mais de uma língua, pode ter mais facilidade nos estudos. Os critérios e técnicas usadas na restauração, também são internacionais. Infelizmente o curso de especialização do Cecor encontra-se desativado no momento, devido a implantação do curso de graduação de conservação da Escola de Belas Artes, UFMG”, explica.
  
     Para a restauradora, o trabalho é estimulante, e a levou a outros países como Inglaterra, Holanda,  Itália, França, Portugal e Índia, tudo em busca de mais conhecimento. “Normalmente, nos casos dos bens culturais móveis, o processo de intervenção é desenvolvido em laboratório de conservação e restauro, mas nos casos de bens culturais integrados, o processo acontece no próprio local de origem, como por exemplo, os elementos artísticos integrados de uma igreja como talhas dos retábulos, altares, pinturas parietais e de forros e outros elementos decorativos”, diz.

  • A importância dos restauradores
  Desde obras de arte particulares, peças de colecionadores até mesmo edificações do patrimônio histórico. Todos podem e devem passar por restauradores, com o intuito de conservar e prolongar o tempo de “vida” da peça ou imóvel. De acordo com o colecionador e professor da UFG João Batista Souza, o bom restaurador tem um papel importantíssimo para a história. “Tem cerca de dez anos que coleciono obras de arte, sejam em quadros, esculturas ou até mesmo mobiliário. Tenho três quadros, de uma família que morava em um casarão na cidade de São Paulo, eles se mudaram para o litoral, e colocaram a venda coisas do mobiliário, por que não caberia no apartamento. Não são de artistas famosos, mas sim quadros acadêmicos. Comprei por que gostei dos quadros, foram os primeiros que comprei. São dos anos de 1911, e 1939. Outro que também adquiri no mesmo período é bem grande e data de 1911, inclusive foi objeto de uma prova recente do vestibular da UFG. Ele ainda não foi restaurado, mas será, está com alguns descascados na pintura, precisa de uma limpeza, porque esta há muito tempo guardado, ou pregado na parede e adquiriu sujidades, excremento de insetos, outros três já foram restaurados. Tenho medo de deixar meus quadros nas mãos de qualquer pessoa. Por esse motivo somente a Mônica (restauradora) faz os trabalhos, já houve casos em que pinturas foram desfiguradas, então precisamos procurar alguém que tenha realmente indicação e seja habilitado para o trabalho. O valor histórico e sentimental que essas obras têm, nos leva a cuidar bem delas”, diz o colecionador.

Para João Batista, além de mandar seus objetos para a restauração, ele tem cuidados especiais em casa, para que a peça dure por muitos anos. “A Mônica me instruiu em relação a como posso limpar os quadros com o pincel”. Fui a São Paulo recentemente e trouxe uma escultura, no trajeto de volta ela quebrou. Em casa nós colamos com cola instantânea, mas daqui um tempo aquilo fica amarelado iria ser notável a deterioração depois de algum tempo,  então eu prefiro aguardar um pouco e, logo vou trazê-la para ser restaurada. Com o tempo eu adquiri uma noção de valores, se vejo algo que compensa, eu peso se vale a pena ou não comprar”, esclarece.
  • A profissão
   A restauração e reconstituição, vem desde o começo do mundo. Existe todo um discurso sobre isso, no renascimento, por exemplo, os artistas eram chamados para fazerem essas restaurações, e achavam que o trabalho de alguns precisava de algumas correções, o que era feito, e designado como restauração. No Renascimento isso gerou problemas, foi um dos fatores de maior degradação de patrimônio cultural.

De acordo com Deolinda, no Brasil desde a década de 30, são desenvolvidos trabalhos na área do restauro. “Inicialmente com Edson Mota no Rio de Janeiro, e outro restaurador da Bahia, ambos foram fazer curso na Bélgica, voltaram para o Brasil e descobriram que era bem mais  fácil trabalhar por lá. 

No Brasil, na época,  não tinha instrumental. Conheci Edson Mota filho, então a saga deles na construção de instrumental, de pesquisa da área de restauro, foi muito interessante e é perceptível como há uma discussão a cerca desses estudos. Você vê as pessoas falando do trabalho do Edson Mota, como tendo causado problemas em determinadas intervenções de restauro que ele fez, porque na época não havia  tecnologia e, neste período as pessoas buscavam fazer as coisas da melhor forma possível, dentro daquilo que havia de conhecimento na época, imaginando que no futuro poderia ter uma saída para aquela obra. Você nunca faz uma intervenção que você não tenha certeza que pode reverter, ou seja, quanto menos você mexer, melhor” ressalta a restauradora.

Deolinda cita a aprovação do Senado Federal, para uma nova lei que regulamenta a profissão. “Só há cursos profissionalizantes, no Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo, Minas Gerais em Ouro Preto e Belo Horizonte. Há um curso na cidade de Goiás, mas é a nível técnico. Nunca parei de estudar, acho que isso é o fundamental, você não pode dizer que é restaurador se você não estuda, e se recicla. Há outra questão quanto ao retorno financeiro, nunca consegui sobreviver dessa profissão, mas também nunca tentei viver só disso. Gosto muito da profissão, e acho que a maioria das pessoas que entram nessa área  gostam, e se apaixonam. No período dos anos 80 até 2000/2005, éramos desbravadores, pelas mesmas dificuldades que o Edson tinha lá na década de 30, 40, 50”, diz.

De acordo com a restauradora, a profissão também tem seus “perigos”. “Nessa área, somos poucos, você tem um monte de curiosos, tive fases em que, quando chegava um trabalho no ateliê, que já tinha passado pelas mãos de curioso eu sabia que iria dar o dobro de trabalho, então acabava tendo de cobrar mais. E se a obra for roubada? Tem que ter procedência, é preciso saber com o que está lidando. Já me deparei com situações do tipo, chamei os órgãos competentes, e se tratava de um roubo em série, a pessoa chegou na minha casa, no ateliê com indicações, mas a peça tinha carimbos de origem, e eu achei suspeito. Imagine se eu faço o restauro? Fico como cúmplice, na restauração você trabalha com peças, ou que possuem um valor monetário ou afetivo alto, ninguém manda restaurar uma coisa que não tem valor nenhum para ela”, ressalta. (...)
Fonte: DM.com.br

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