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Sejam Bem-vindos!!! Este é um espaço dedicado a arte e aos seus (futuros) admiradores. Ele é uma tentativa de despertar em seus visitantes o gosto pelo assunto. Aqui, poderão ser encontradas indicações de sites, livros e filmes de Artes Visuais, imagens de artistas, alem do meu processo de trabalho. É o meu cantinho da expressão. Espero que sua estadia seja bastante agradável e proveitosa.
Este Blog é feito para voces e por voces pois muitas das postagens aqui presentes foram reproduzidas da internet. Alguma das vezes posso fazer comentarios que de maneira parecem ofensivos porem nao é minha intençao, sendo assim, me desculpem. Se sua postagem foi parar aqui é porque ela interessa a mim e ao blog e tento focar os pontos mais interessantes. A participaçao dos autores e dos leitores é muito importante para mim nestes casos para nao desmerecer o texto nem acabar distorcendo o assunto

terça-feira, 9 de agosto de 2011

HISTORIA EM QUADRINHOS parte 5: Quadrinhos em sala de aula



Texto 3: QUADRINHOS NA SALA DE AULA
Sonia M. Bibe Luyten
   
   Nos últimos quinze anos, em muitos países e também no Brasil, está comprovado que muitos professores estão usando os quadrinhos como um meio eficaz para o ensino e as necessidades de aprendizagem.
     Muitos pensam, contudo, que é só deixar uma revista na carteira e dizer: “leia”. Ou então, “desenhe algo”. O que se precisa, na realidade, é inserir as Histórias em Quadrinhos num plano já preestabelecido de uma determinada disciplina antes do início do ano letivo para poder usufruir seus resultados.

Os quadrinhos, numa definição bastante simples,
são formados por dois códigos de signos: a
imagem e a linguagem escrita.

     O primeiro passo para um professor usar os quadrinhos em sala de aula é não ter medo e começar a se familiarizar com sua linguagem. Os quadrinhos, numa definição bastante simples, são formados por dois códigos de signos: a imagem e a linguagem escrita.
   Entre os elementos que entram na composição dos quadrinhos, dando-lhes muito dinamismo, destacam-se os balões. Em sua forma tradicional, o balão indica a fala coloquial entre os personagens em tempo presente. Ele também expressa sentimentos variados, como raiva, medo ou alegria. Os desenhistas são muito criativos para encontrar efeitos visuais e comunicativos no formato do balão: existe desde o balão-berro, ao balão-transmissão, balão-cochicho, balão-nuvem entre muitos outros. Em todos eles o texto é drasticamente reduzido, o que possibilita um aproveitamento sintético da linguagem, podendo ser lido até mesmo por leitores de escolaridade inicial.
       Outro elemento muito importante nas HQs são as onomatopeias, que são os sons que procuram imitar os ruídos, dando-lhes também uma beleza visual. Os mangás, quadrinhos japoneses, exploram ao máximo este recurso, pois os sons são colocados em alfabeto katakana ou hiragana, completando a estética da página.
      Para dar mais dinamismo, são utilizadas muitas figuras convencionais, como linhas retas, indicando velocidade, imagens repetidas para movimento, estrelinhas indicando dor, poeirinhas para mostrar corrida ou velocidade e pequenas gotas dando a impressão de calor ou medo. Há muito mais exemplos, como notas musicais para canto, corações para indicar amor, espirais na cabeça como sinal de tontura e assim por diante.
As HQs podem estimular muitos exercícios de
linguagem escrita e oral, sendo um excelente
incentivo para as criações literárias e artísticas dos
alunos.


        O próprio formato do quadrinho é um indicador de leitura. Temos assim o quadrinho convencional – quadrado, retangular ou poliforme. Se o quadrinho, no entanto, for desenhado com linhas contornadas ou pontilhadas, o desenhista quer mostrar uma narrativa de sonho ou algo que se passou em tempo pretérito. Tudo isto é perfeitamente compreensível até mesmo por crianças não alfabetizadas, tamanho é o poder de comunicação.
       Portanto, a melhor maneira de fazer com que os alunos obtenham benefícios dos quadrinhos é ler também. Os olhos do professor e a compreensão de todos esses elementos citados podem auxiliar a prática pedagógica. Há diversas formas de se usar os quadrinhos. Uma delas é com as revistas, tiras de jornal ou adaptações de romances para quadrinhos. Nestes casos, há inúmeras possibilidades para as diferentes disciplinas:

1. Uso de quadrinhos como tema de discussões
   A partir de uma reflexão sobre os conteúdos, fazer uma abordagem histórica, por exemplo, de personagens índios, negros, imigrantes, etc. Enquanto a maioria dos quadrinhos da década de 1950 até os anos 80 foi orientada para crianças mais jovens e adolescentes, a mudança de marketing na década de 1990 levou a uma explosão de material mais complexo que explora o mundo à nossa volta com mais profundidade. Neste sentido, a partir de características dominantes da personalidade desses heróis em questão, pode-se efetuar, também, um juízo crítico de valores que são aceitos ou não pela sociedade. Isto propicia debates como a violência, o racismo ou a tolerância.


2. Uso de quadrinhos na linguagem escrita e oral
    As HQs podem estimular muitos exercícios de linguagem escrita e oral, sendo um excelente incentivo para as criações literárias e artísticas dos alunos. No ensino de línguas estrangeiras, por exemplo, há oportunidades de propiciar a formação de diálogos nos balões em uma história já desenhada, recortada ou adaptada para esta finalidade.


3. Análise de conteúdo
    Análise das personagens a partir de heróis ou vilões no seu aspecto físico em combinação com o psicológico. Os alunos podem verificar o tipo de vocabulário que os desenhistas empregam, quais os sentimentos que despertam no leitor, como reagem às situações que enfrentam – como coragem, medo, amor, covardia, etc. Nos quadrinhos japoneses – mangás – podemos comparar como outras culturas reagem a estas situações.
     Outro ponto que pode ser avaliado é se a história dá margem a estereótipos tais como: familiares (como são apresentadas as figuras da mãe, pai, avós); profissionais (conceito de certas profissões – médicos, operários, lixeiros, industriais); sociais (como são vistos os ricos, os pobres, os turistas, os marginais, as tribos urbanas); nacionais (em que circunstâncias aparecem os africanos, os asiáticos, os árabes); culturais (como é vista a família, o trabalho, a juventude, a velhice).
      Estes são pontos importantes que devem ser desenvolvidos e analisados não só a partir de uma história, mas também do conjunto da produção de algum determinado autor e desenhista de quadrinhos.


Se é na escola que a avaliação adquire materialidade,
é na vida cotidiana de professores,
estudantes e suas famílias que ela deposita seus
desdobramentos.

4. HQ e identificação projetiva da personalidade
       
     É possível numa sala de aula fazer muitas brincadeiras e testes com crianças, adolescentes e adultos a partir de certos critérios dentre uma gama de personagens: heróis, heroínas, vilões, animais e personagens secundários. No momento da escolha, pedir o porquê de sua preferência ou repúdio. E o mais importante: o que eles gostariam de ser. Com a ajuda da psicologia, isto se torna um instrumento para a identificação do leitor-personagem que, através da fantasia, projeta sua personalidade ou aquilo que almeja ser. É muito útil em sala de aula.
     Outra forma de usar os quadrinhos é fazer uma História em Quadrinhos. Como nem todos têm habilidade para desenhar e/ou fazer roteiros, os próprios alunos é que vão escolher a partir de suas aptidões. Uma vez isto delimitado, há vários exercícios que podem ser feitos:


Leitura de um texto e, posteriormente, sua quadrinização, delimitando-se o tamanho da história (uma ou duas páginas). É neste ponto que o professor precisa estar familiarizado com a linguagem dos quadrinhos, pois poderá orientar os alunos no uso dos diversos tipos de balão para dar o tom das onomatopeias, as figuras convencionais de ação, movimento.
     Aqui vão entrar os roteiristas. A partir de um texto que foi escolhido (livro didático, romance), é preciso elaborar um roteiro condizente para se tornar uma nova arte.


Criação de uma HQ sobre um tópico: Pode ser trabalho individual ou de grupo. Este item é aplicável a todas as disciplinas: Português, História, Geografia, Artes, Língua Estrangeira, Ciências, Física ou Matemática. Usando a linguagem sintética dos quadrinhos, é preciso que o aluno possa primeiro pesquisar, entender e depois explicar os conteúdos pesquisados.

Ponto de vista. A partir de um tema qualquer, como por exemplo, um domingo no parque, os alunos deverão desenhar diferentes histórias sob o ponto de vista de cada personagem no parque: o pipoqueiro, as crianças, os peixinhos no lago, o pedinte, o casal de namorados e assim por diante. Muito útil para possibilitar aos alunos novos enfoques para uma criação literária.

O professor e os livros didáticos com Histórias em Quadrinhos

   Há muitos livros didáticos que contêm exercícios ou algum conteúdo na forma de quadrinhos.
Muitos têm um objetivo puramente comercial e nem sempre estão preocupados se isto vai mesmo ajudar tanto o professor como o aluno. Neste caso, é importante o professor estar familiarizado com a linguagem dos quadrinhos e até tornar isto uma questão de aula, fazendo uma leitura crítica com os alunos. Juntos poderão observar alguns pontos:

• Quadrinhos com excesso de texto nos balões dificultando a leitura e, consequentemente, a assimilação do conteúdo.
• Imagens muito chamativas distraindo o aluno para o principal, que é a mensagem veiculada.
• Não se iludir com roupa nova para velhas imagens: há livros didáticos que, com o intuito só de vender, colocam alguns elementos dos quadrinhos (balões, onomatopeias) em velhas imagens conhecidas.
Por exemplo, a já conhecida estátua de D. Pedro I com o acréscimo de um balão dizendo “Independência ou Morte”.
• Personagens estereotipados. Como se apresentam as raças, as profissões, a maneira de falar, pessoas com deficiência, etc., reforçando apenas velhos conceitos em roupagem nova.

           E, finalmente, se o livro não atender ao interesse dos alunos, eles podem quadrinizar uma nova versão com o objetivo de fazer uma leitura crítica sobre algum conteúdo que não acharem compatível com a realidade. Ou recontar a história sob outro ponto de vista, sempre com a ajuda do professor.
Todos estes itens devem estar dentro de um planejamento de aula. O uso de quadrinhos tem o objetivo de ajudar, motivar e estimular o aluno a desenvolver habilidades, além de ensinar de forma lúdica. Os benefícios serão muitos. As Histórias em Quadrinhos dão uma extraordinária representação visual do conhecimento, mostram o que é essencial, ajudam na organização narrativa da história, são de fácil memorização, enriquecem a leitura, a escrita e o pensamento e desenvolvem conexões entre o visual e o verbal. E o mais importante: os quadrinhos, em sua estrutura, formam uma imagem descontínua.
     O espaço em branco entre um quadrinho e outro tem que ser preenchido rapidamente na mente do leitor para formar uma imagem contínua, como se fosse um filme ou um desenho animado.
Este espaço em branco, ao qual ninguém dá importância, tem uma função extraordinária: ajuda o cérebro a pensar.
      Professores, vocês ficarão surpresos com os resultados de um projeto envolvendo o uso de histórias em quadrinhos em sala de aula.
Obrigada e ate mais

Proximas Postagens: 
16/08: Sugestões de obras em quadrinhos e sites/blogs de quadrinistas
                                23/08: Sobre o desenho (texto da mesma autora que "Arte e artesanato porque barreiras já postado aqui anteriormente)
                                30/08 Sobre o Cartaz na arte e a arte publicitaria
                                06/09 Proporção da Beleza

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