O texto de hoje foi dividido em 3 partes e mesmo assim se encontra fragmentado. Como antes foram postados textos sobre diversidade cultural, nada melhor do que falar sobre o significado de cultura e ao transcreve-lo tentei centrar ao maximo no assunto cultura que é o que estamos falando aqui e tirar partes muito teoricas para tornar acessivel ao leitor. Tentei retirar tambem partes que falam sobre governos embora haja partes que precisam ser mostradas. Achei interessante o texto pois ele traz exclarecimentos importantes e significativos sobre o assunto que certa forma sao novos. Esta primeira parte é centrada especificamente em discorrer sobre a cultura e suas funçoes 
A centralidade da cultura no desenvolvimento
Artigo do ministro da Cultura, Juca Ferreira, sobre a centralidade da cultura no desenvolvimento.
    Há alguns anos as Nações Unidas adotaram, em seus Relatórios sobre o Desenvolvimento Humano, a ênfase sobre o
 acesso pleno à cultura como importante indicador para avaliar a 
qualidade de vida, e a considerar estratégicos os processos criativos e 
simbólicos para o desenvolvimento de uma sociedade. É muito relevante 
que a principal agência intergovernamental do planeta tenha adotado a 
pauta cultural na sua agenda de desenvolvimento. E, que a apresente como
 parte das atribuições dos Estados Nacionais no século XXI, enquanto 
realização dos direitos humanos e como fundamental dimensão do 
desenvolvimento. (...)
    Nós brasileiros estamos, neste momento histórico, diante de grandes 
desafios. Para a continuidade e consolidação do atual ciclo de 
crescimento do país, para que o nosso desenvolvimento se torne de 
duradouro e sustentável, é incontornável o aprimoramento de nossas 
estratégias de desenvolvimento. (...)
    Entre as muitas condições necessárias para que possamos enfrentar o 
desafio de superar nossas mazelas históricas e as fragilidades mais 
recentes, está a sustentabilidade ambiental. Precisamos transformar a 
riqueza da nossa biodiversidade e de nossos recursos naturais em um 
ativo poderoso dessa nova etapa de desenvolvimento(...). Temos também diante de nós a possibilidade de ampliação e
 consolidação do atual processo de inclusão social e econômica e de 
erradicação total da pobreza em nosso país; em condições de garantir o 
surgimento de uma sociedade com oportunidades e direitos iguais para 
todos. A qualificação da educação em todos os níveis é, nesse contexto, 
um dos principais suportes do desenvolvimento. Este demanda uma escala 
capaz de satisfazer as necessidades do mercado de trabalho.
 E também cobra da educação a preparação das novas gerações para viver 
como cidadãos de uma sociedade que respeita o meio ambiente, em harmonia
 com a democracia e o estado de direito. O desenvolvimento cultural, 
aqui compreendido como desenvolvimento da dimensão simbólica em geral e 
das artes em particular, a ampliação do acesso pleno aos bens e serviços
 culturais e a sua completa universalização para todos os brasileiros, 
junto ao fortalecimento da economia da cultura, são partes 
indissociáveis desse processo.
    Ainda assim, percebo com certa frequência reações de estranheza nos 
momentos em que, por uma razão qualquer, enfatizo a necessidade de 
fortalecer a relação entre cultura e desenvolvimento em nosso país.  
Interpreto isso como resultado de um erro de percepção, infelizmente 
muito comum em nosso país, uma deformação herdada do passado que ainda 
pesa sobre nós com uma força brutal. Podemos resumir esse 
conflito dizendo que em certo momento esquecemos que não se pode 
conceber desenvolvimento ou tecnologia sem cultura, porque tudo está impregnado de cultura.
     Essa visão das coisas tem dominado o campo das mentalidades e dos 
valores. O senso comum, primeira vítima deste erro, tem sistematicamente
 reduzido a cultura ao campo artístico e às atividades do lazer.  A 
cultura seria, então, uma espécie de passatempo, algo a que as pessoas 
se dedicam nos seus momentos de ócio, para distrair-se, para relaxar, 
algo que não possui uma utilidade intrínseca. Toda a nossa vida cultural
 seria um complexo de produtos e atividades acessórios, secundários, 
quando muito, com algum valor de mercado (um lucrativo conjunto de bens e
 serviços). Predomina em muitos setores esta visão tecnicista e 
pseudo-pragmática, fortalecendo uma opinião estreita sobre o que a 
cultura representa para um povo.  Infelizmente, essa visão tem 
contaminado em muitos momentos a nossa política, os nossos costumes e os
 nossos arranjos institucionais.
    Diante de tudo isso, sinto que ainda há um bom caminho a trilhar até 
que tenhamos muito claro o papel estratégico que tem a cultura para o 
desenvolvimento de um país, especialmente quando o queremos de todos.
     Enxergamos cultura em toda a trama social. A cultura humana é tudo 
que resulta da ação humana, de suas interferências sobre o mundo; é tudo
 que torna visível o pensamento do homem sobre si mesmo e sobre o 
ambiente que o cerca.  Todas as nossas práticas sociais são diferentes 
formas de concretização da cultura de que fazemos parte. Se estamos 
assistindo um show de música popular para milhares de pessoas, a 
tendência natural é imaginar que somente os artistas e suas canções 
fazem parte da cultura.  Mas a tecnologia que criou a aparelhagem de luz
 e de som também é cultura; as bebidas e lanches consumidos pelo público
 são produto da cultura; o sistema econômico de cobrança de ingressos e 
pagamento de cachês também é resultado de uma cultura; a tradição social
 do congraçamento coletivo em praça pública, igualmente é cultura; os 
meios de transporte usados pela equipe, a rede elétrica que alimenta o 
palco, o palco e a engenharia de sua estrutura; tudo isso faz de um 
simples show o produto de um tecido intrincado de diferentes culturas 
superpostas, que convivem invisivelmente na mesma sociedade.
    Este texto continua semana que vem