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Sejam Bem-vindos!!! Este é um espaço dedicado a arte e aos seus (futuros) admiradores. Ele é uma tentativa de despertar em seus visitantes o gosto pelo assunto. Aqui, poderão ser encontradas indicações de sites, livros e filmes de Artes Visuais, imagens de artistas, alem do meu processo de trabalho. É o meu cantinho da expressão. Espero que sua estadia seja bastante agradável e proveitosa.
Este Blog é feito para voces e por voces pois muitas das postagens aqui presentes foram reproduzidas da internet. Alguma das vezes posso fazer comentarios que de maneira parecem ofensivos porem nao é minha intençao, sendo assim, me desculpem. Se sua postagem foi parar aqui é porque ela interessa a mim e ao blog e tento focar os pontos mais interessantes. A participaçao dos autores e dos leitores é muito importante para mim nestes casos para nao desmerecer o texto nem acabar distorcendo o assunto

terça-feira, 24 de junho de 2014

O MUSEU E O ARTISTA, por Almandrade (parte 1)

  O texto de hoje foi dividido em duas partes, nele o autor/artista fala sobre a importancia que o museu ganhou para o artista e esta transição começou com a arte conceitual no Brasil. Nesta arte o resultado pode ser apenas uma palavra imagem mas o conceito/conteudo que ela carrega é forte e o observador precisa refletir sobre ele principalmente no momento em que esta arte foi criada (anos 60, ditadura e repressao)

O Museu e o Artista

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Com o crescimento da importância dos museus no mundo contemporâneo, fala-se até em reserva de mercado para os especialistas de museu. Um artista falar de museu, hoje em dia, pode fazê-lo parecer um intruso, transformado em agente do espetáculo. Ele foi excluído do processo de formatação de uma política para a instituição. Mediante a autorização de um terceiro, o curador, ele tem permissão para mostrar seu trabalho no espaço museológico. Diferente da década de 1970, no auge da arte conceitual, quando o artista pensava em ocupá-lo como um lugar estratégico.


Relembrar e refletir sobre alguns momentos que, a meu ver, são significativos para a arte contemporânea, é demarcar posições, posturas do olhar diante do mundo, como o reconhecimento do sistema da arte: uma reprodução simbólica do outro, o da sobrevivência diária. A geração de artistas pós Ato Institucional Nº 5 sentia na pele medo de ocupar a rua, optava pelo interior dos museus, principal instituição do sistema da arte. Transgredir suas regras era uma forma de intervenção materialista que norteava certas instalações. Nessa época o mercado pouco se interessava por arte contemporânea.


Os anos de 1960 e 1970, em decorrência do regime militar no Brasil, foram agitados no campo cultural: censura, perseguição a manifestações artísticas interpretadas como subversão. Os artistas, que viviam a passagem da modernidade para contemporaneidade, eram obrigados a inventar estratégias simbólicas e metafóricas para romper o cerco à liberdade de expressão. A consciência do sistema da arte (público, artista, obra e instituição) fez com que o artista percebesse o museu como uma instituição de legitimação da obra de arte, alvo de intervenções para desarticular suas inscrições e provocar o espectador.


Com a “Arte Conceitual”, a obra passou a ser de ordem mental e reflexiva, disponibilizando inúmeras formas de expressão artísticas possíveis para o desenvolvimento do trabalho do artista plástico contemporâneo. O público deixou de ser um observador passivo, ele foi obrigado a refletir sobre a obra de arte e o seu discutível entendimento não era mais direto. Mas a Bahia, por exemplo, com sua produção defasada, ainda era provinciana e hostil a qualquer manifestação que não correspondesse às linguagens bem comportadas das “Belas Artes”.


Nas últimas décadas, o museu com sua arquitetura imponente – cujo investimento tecnológico para a sua modernização não é um diferencial, mas uma necessidade de cumprir as funções de preservar, investigar e comunicar – ganhou uma dimensão pública. Por outro lado, o mercado cresceu e concentrou o foco do artista, afinal ele precisa viver de seu trabalho e o museu de arte passou a ser o lugar que recebe sua produção e faz o reconhecimento. Muitas vezes, confundido com playground para atrações em nome da uma “contemporaneidade” a serviço do entretenimento, os museus de arte têm suas programações pressionadas pela democracia dos editais e as leis de incentivo, comprometendo sua missão sociocultural.


A minha vivência no campo específico dos museus teve início de uma forma menos convencional, em meados da década de 1970, como artista plástico agindo nos limites da Arte Conceitual. A arte pensada como uma intervenção num espaço institucional específico, em particular o museu, esse lugar privilegiado para a produção, reprodução e divulgação do conhecimento. Para exposição e acondicionamento de um acervo. Conhecer seus mecanismos e sua arquitetura era requisito indispensável para o artista que buscava um olhar complexo, um olhar crítico do todo, uma relação e articulação mais profícua, entre diversos saberes que repercutiam na produção e na leitura da obra de arte.

Continua dia 30/06

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