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Sejam Bem-vindos!!! Este é um espaço dedicado a arte e aos seus (futuros) admiradores. Ele é uma tentativa de despertar em seus visitantes o gosto pelo assunto. Aqui, poderão ser encontradas indicações de sites, livros e filmes de Artes Visuais, imagens de artistas, alem do meu processo de trabalho. É o meu cantinho da expressão. Espero que sua estadia seja bastante agradável e proveitosa.
Este Blog é feito para voces e por voces pois muitas das postagens aqui presentes foram reproduzidas da internet. Alguma das vezes posso fazer comentarios que de maneira parecem ofensivos porem nao é minha intençao, sendo assim, me desculpem. Se sua postagem foi parar aqui é porque ela interessa a mim e ao blog e tento focar os pontos mais interessantes. A participaçao dos autores e dos leitores é muito importante para mim nestes casos para nao desmerecer o texto nem acabar distorcendo o assunto

terça-feira, 12 de julho de 2011

HISTORIA EM QUADRINHOS parte 1

    Quem nunca leu uma história em quadrinhos? Quando crianças, alguns de meus primos tinham um baú cheio de revistinhas! Morria de inveja, meu sonho era ter um baú daqueles. E agora com este programa sobre Quadrinhos pude relembrar os velhos tempos; o que adorei e por isso resolvi compartilhar com vocês estes textos. Na verdade, este é um arquivo unico que dividi em partes para a leitura ficar mais atrativa.

História em quadrinhos: um recurso de aprendizagem
 Nestor Canclini 
Culturas híbridas – Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo:
Editora da USP, 2000 (p.339)
  
  Faz tempo que os quadrinhos estão presentes nas escolas. Houve uma época em que circulavam, sorrateiramente, por baixo das carteiras ou eram camuflados entre as páginas do livro de estudos. E se fossem descobertos, era confusão na certa: (...)  até a ... tão temida Secretaria!
  Mas os tempos mudaram, as escolas se transformaram. Ainda que não com a rapidez de muitas transformações (...) , as novidades da chamada indústria cultural vão aos poucos entrando no ambiente escolar. (...) Como uma fileira de pequenas formigas diligentes e carregadeiras, crianças, jovens e adultos, todos, vão levando nas pastas, mochilas, bolsas e, sobretudo nas conversas e na imaginação, as experiências vividas além dos muros das escolas. (...)
    Hoje as histórias em quadrinhos são valorizadas como gênero literário que conjuga imagem e palavra, símbolos e signos. Sua linguagem se insere nos campos da cultura e da arte. Autores como Humberto Eco
e Nestor Canclini, citado em epígrafe, entre outros, estudiosos da chamada cultura de massa valorizam o potencial das HQ. 
    Nas escolas, os quadrinhos integram os livros didáticos e fazem parte do acervo das salas de leitura. Projetos pedagógicos elegem os quadrinhos como gênero textual a ser desenvolvido nas classes.
    Muitos professores e professoras buscam formação para melhor trabalhar com as revistas e também com as tiras que “frequentam” os cadernos culturais dos jornais.
     O programa Salto para o Futuro apresenta a série História em quadrinhos: um recurso de aprendizagem, com a consultoria de Sonia M. Bibe Luyten (Pesquisadora de Histórias em Quadrinhos, que em 1972 iniciou o primeiro curso regular de HQ na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e presidente do Troféu HQMIX). (...)
    
 Texto de Rosa Helena Mendonça
                                                    (Supervisora pedagógica do programa Salto para o Futuro/TV
                                                                       ESCOLA (MEC)).
disponivel para download no site

História em quadrinhos: um recurso de aprendizagem  

Introdução:
Sonia M. Bibe Luyten¹

“A mente que se abre a uma nova  ideia 
                                                             jamais volta ao seu tamanho original”
                                                                                                          (Albert Eistein).

         A série História em quadrinhos: um recurso de aprendizagem tem como proposta discutir este  gênero, tendo em vista sua ampla difusão tanto no Brasil como na maioria dos países do mundo. Esta modalidade de comunicação – considerada a “nona arte” – tem colaborado para as atividades didáticas e constitui um poderoso meio auxiliar nos diversos segmentos da comunicação de massa, que também podem ser considerados sistemas educativos.    
           Ao apresentar esta série, o programa Salto para o Futuro tem como objetivo auxiliar o professor de várias maneiras. Uma delas é proporcionando a oportunidade de que ele se familiarize com a linguagem desta arte, pois nem todos conhecem seu valor. Alguns estigmas ainda prevalecem, por causa deste desconhecimento e de ideias que foram espalhadas pelo mundo a partir da década de 1950.    
       Gerações e gerações de crianças cresceram lendo histórias em quadrinhos furtivamente, escondidas dos pais e dos professores, que viam nesta arte um desperdício de tempo e um perigo às mentes dos jovens.         
      Isto foi devido ao livro Seduction of the Innocent (Sedução do Inocente), cujo autor, o psiquiatra Fredric Wertham, não mediu esforços para acabar com a oitava arte, numa série de textos que se propunham demonstrar que os quadrinhos propiciavam a violência, além das atividades danosas em toda a juventude. Logo estas ideias foram ao encontro da posição do Senado norteamericano na pessoa de Joseph McCarthy. Ele dirigiu uma cruzada censurando toda atividade que acreditava fomentar o comunismo, a violência e tudo aquilo tido como antiamericano. Todos os meios de criação e seus criadores foram submetidos à censura, ou seja, os quadrinhos não fugiram à regra das perseguições do chamado macartismo. As revistas deveriam conter um selo com os dizeres: Aprovado pela autoridade do código dos quadrinhos. O Brasil também teve um selo semelhante no começo dos anos 1960.    
   O livro deste autor só se popularizou quando foi colocado em forma de reportagens pela revista Seleções Reader’s Digest, traduzida em dezenas de idiomas, em vários países, reforçando a ideia de que pais e professores deveriam proibir que as crianças lessem quadrinhos. Embora hoje não existam mais radicalismos como esse, o preconceito ainda se manifesta de várias formas.      
    O que devemos lembrar, contudo, é que, sem sombra de dúvida, as Histórias em Quadrinhos formam a linguagem do século XX e continuam sendo a deste novo milênio. Esta afirmação está baseada na complexidade da simbologia e da terminologia criadas ao longo do desenvolvimento de sua criação.É injusto, portanto, afirmar que os quadrinhos são subarte e subliteratura. Eles são um meio de expressão com um código ideográfico que não precisa de uma chave para ser interpretado. A imagem é complexa, mas pessoas inteligentes, como as crianças e os adolescentes, conseguem vislumbrar isto sem restrições.      Os quadrinhos estão ganhando também, já há algum tempo, uma respeitabilidade na escola graças a um programa cada vez mais popular e criativo, visando aos novos leitores, incentivando as crianças para criar e, em muitos casos, usando temas de suas próprias vidas.     
     No plano pedagógico, os quadrinhos proporcionam experiências narrativas desde o início do aprendizado, fazendo os alunos adquirirem uma nova linguagem. Crianças e adolescentes seguem a história do começo ao final, compreendem seu enredo, seus personagens, a noção de tempo e espaço, sem necessidade de palavras sofisticadas e habilidades de decodificação. As imagens apoiam o texto e dão aos alunos pistas contextuais para o significado da palavra. Os quadrinhos atuam como uma espécie de andaime para o conhecimento do estudante.       
    As Histórias em Quadrinhos na sala de aula também motivam os alunos relutantes ao aprendizado e à leitura. Elas os envolvem num formato literário que eles conhecem. E também as HQs “falam” com eles de uma forma que entendem e, melhor do que isto, se identificam. Mesmo para os alunos que já estão  com o hábito de leitura formado, os quadrinhos dão a oportunidade de ler um material que combina a imagem com texto para expressar simbolismos, pontos de vista, drama, humor, sátira, tudo isto num só texto.      
      Muitos alunos leem fluentemente, mas têm dificuldades para escrever. Eles têm muitas ideias, mas lhes falta habilidade para criar um começo, seguir uma sequência e, depois, terminar com uma conclusão lógica. E é exatamente esta aparência lúdica das Histórias em Quadrinhos que as torna um veículo de comunicação poderoso, bem aceito por estudantes, que se sentem estimulados a refletir e a se expressar por meio delas.      
    Este é o outro objetivo deste programa: fazer o professor ver mais um benefício dos quadrinhos que é o de escrever, pesquisar e criar em qualquer área de conhecimento. Muitos alunos, frequentemente, perguntam se podem desenhar enquanto estão escrevendo. Eles buscam por imagens para dar apoio à sua escrita. Portanto, neste outro passo, a permissão de usar imagens e palavras vai resolver problemas relacionados à narrativa de uma ideia. Para colocar o texto num balão, é preciso habilidade de síntese e domínio completo da língua. O erro não será permitido, uma vez que o texto será lido por mais pessoas e não só o professor. 
      Além disso, os quadrinhos contêm uma riqueza tanto no conteúdo das histórias como no desenvolvimento dos personagens. São extensamente lidos em todo o mundo, especialmente no Japão, onde os mangás (quadrinhos japoneses) perfazem 25% das publicações do mercado editorial.    Minha experiência profissional com quadrinhos já atinge quatro décadas. Comecei como leitora e meu pai me dava livros e quadrinhos para ler. Não deixei nem os livros, nem os quadrinhos, ao longo de minha vida. Ambos completaram minha formação. Iniciei o primeiro curso universitário sobre Histórias em Quadrinhos na Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo em 1972 e, como pesquisadora, em todos estes anos, procurei mostrar aos alunos o potencial das Histórias em Quadrinhos em todos os seus segmentos.      
    Em 1983 lancei o livro Histórias em quadrinhos e leitura crítica, em que já abordava, num dos capítulos, o uso de HQ como prática pedagógica. Serve de roteiro para os professores explorarem ao máximo em suas disciplinas itens como: uso dos quadrinhos como tema de discussões, na linguagem  escrita e oral, identificação projetiva da personalidade do aluno e dicas para avaliar se alguns livros didáticos empregam corretamente a sua linguagem.       
    Nesta série de textos para o programa Salto para o Futuro, os docentes encontrarão novas possibilidades para motivar, ensinar e obter resultados em sala de aula. Os equívocos da década de 1950 são coisas do passado. Tanto os professores como os pais já estão prontos para uma nova geração de materiais educativos que ensinem através dos quadrinhos.      
       Acredito que o objetivo de todo professor é educar, mesmo se o método parecer não convencional. Consequentemente, se as Histórias em Quadrinhos melhorarem as habilidades da leitura, compreensão, imaginação, pesquisa e até disciplina em sala de aula, elas devem transformar-se numa ferramenta de trabalho para ele.

¹Sonia M. Bibe Luyten
Doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo, com tese sobre mangá, os quadrinhos japoneses em 1988. 
Foi professora do Departamento de Jornalismo e Comunicações da ECA/USP (1972-1984) e professora convidada de várias universidades no exterior como no Japão, Holanda e França.
Autora de livros sobre este tema como: O que é Histórias em Quadrinhos; Histórias em Quadrinhos – Leitura Crítica; Mangá, o poder dos quadrinhos japoneses; Cultura Pop Japonesa – mangá e animê. Atualmente é presidente do Troféu HQMIX – premiação considerada o “Oscar” das Histórias em Quadrinhos e Humor Gráfico no Brasil. Consultora da série.

Proxima postagem 19/07 História em quadrinhos parte 2

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