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terça-feira, 7 de outubro de 2014

MAS O QUE É CULTURA?


   O texto de hoje fala qual é a noção de o brasileiro tem de cultura, e foi constatado que nem tudo que leva ao conhecimento ou que seja "diversão" seja reconhecido como tal levando a um pensamento de que cultura é algo para poucos.

Mas o que é cultura?


    Nos principais debates dos candidatos à presidência da República neste atual período eleitoral no Brasil, uma palavra esteve ausente: cultura. Quem trabalha na área e está nas redes sociais acompanhou uma enxurrada de manifestações sobre a falta de propostas para o desenvolvimento do setor no país. Reclamavam, sobretudo, da desconsideração sobre os potenciais econômico e social da cultura.
 
“Entender o que cultura é na visão do brasileiro nos denota qual a construção hegemônica à qual estamos socialmente sujeitos”, afirma a pesquisadora e especialista em bens culturais Gisele Jordão. Junto com Renata Allucci, ela foi responsável pela pesquisa Panorama Setorial da Cultura Brasileira – desenvolvida pela 3D3 em parceria com a MC15, realizada pelo Ministério da Cultura e Vale, por meio da Lei Rouanet -, cuja segunda edição, lançada em setembro, estudou os hábitos de consumo da população do país.

Um dos aspectos abordados no levantamento é qual o conceito de cultura que o brasileiro tem. E talvez o resultado ajude a entender por que o assunto não apareceu na urna com os temas das perguntas para os candidatos.

A cultura, lembra Gisele, é um signo com amplo aspecto conotativo, que adquire diferentes significados de acordo com os distintos contextos em que é observado. Duas utilizações são mais corriqueiras na contemporaneidade: a que estabelece o termo como processo de acumulação cultural, e a que o trata como sinônimo de atividades artísticas. A primeira diz respeito à cultura de um determinado grupo como referência de estado desenvolvido de conhecimento.

“Conceitualmente, cultura abarca as noções de conhecimento e informação, simultaneamente. Contudo, quando se verifica quais as dimensões percebidas pelo brasileiro, entende-se que não há associação dessas dimensões com a noção de cultura”, conta Gisele. Muitos dos discursos encontrados na pesquisa – na declaração de produtores, de artistas, de críticas, de veículos de imprensa – remontam à ideia de cultura como algo elitizado. “Isso vem reforçando uma ideia bastante antiga, promovida desde o século XVIII pelo movimento academicista das artes, de que cultura é um estado mental elevado, desenvolvido, para poucos.”

A percepção de que cultura não é algo para todos, ainda presente não só entre consumidores mas também entre agentes, viabilizadores e difusores, acaba constituindo-se como obstáculo para o consumo cultural. “Em geral, as associações realizadas pelos respondentes nos levam a compreender que o brasileiro associa à ideia de cultura todas as práticas que ele não realiza. Cultura é, para o brasileiro, diferente de informação e diferente de diversão.”

É por isso, diz a pesquisadora, que atividades como ouvir música, ir ao cinema e a circo, ler livros, ir a livrarias ou loja de CD, por exemplo, não são vistas como “culturais” pelos entrevistados. “Se há a prática, se está próxima, não pode ser cultura, porque ‘isso é para poucos’. Essa percepção, trabalhada historicamente e reforçada por diversos discursos que verificamos, incrustam na ideia do brasileiro a cultura como algo distante.”

Na prática - A pesquisa solicitou aos entrevistados que fizessem livres associações entre as práticas e as ideias de diversão, informação e cultura. Gisele explica que foi absorvida a noção de cultura de forma não totalizante, em que se pode pensar no plural e no singular simultaneamente: a cultura e as culturas. “Neste sentido, a cultura deixa de ser fim e passa a ser recurso político e econômico.”

Desde essa perspectiva, foi localizado o conceito de práticas culturais – todas as atividades de produção e recepção cultural: escrever, compor, pintar, dançar, frequentar teatro, cinema, concertos etc – sem hierarquizar ou classificar, verificando-as como atividades mediadoras e, assim, com potencial dialógico e comunicacional, favorecendo a interação do indivíduo com a sociedade.

As atividades citadas como as mais realizadas fora de casa – ir ao cinema, ir ao restaurante como lazer, passeios em parques/ao ar livre, viajar pelo Brasil, ir a shows de música popular e ir a festas regionais/típicas/quermesses – foram associadas à diversão.

Entre as atividades que o brasileiro mais gosta, três (ouvir música, ir ao cinema e ir a shows de música popular) são relacionadas apenas à diversão; duas (assistir à TV e ouvir rádio) à informação e à diversão; e uma (acessar a internet) apenas à informação. A única atividade associada à cultura de alguma forma – e neste caso em associação conjunta com informação – foi a prática religiosa, a primeira atividade citada como a mais realizada fora de casa no último ano.

Com exceção da religião, todas as outras atividades relacionadas de alguma forma com a ideia de cultura – exposição fotográfica, visita a museus, galerias e cidades históricas, ópera, teatro, espetáculo de dança, atividades em centros culturais – foram as menos realizadas no último ano e as que os entrevistados disseram gostar menos.

O problema, acredita Gisele, não está no que se chama ou não de “cultura”, mas sim no desencontro do que cada ator valida por cultura e, desta forma, o que pode ou não ser legitimado como cultural. “Entender as crenças coletivas sobre cultura favorece a avaliação de políticas e caminhos escolhidos.”

*Na introdução do Panorama Setorial da Cultura Brasileira, Gisele Jordão escreve sobre o conceito de cultura a partir de estudos acadêmicos. A pesquisa pode ser acessada na íntegra no site www.panoramadacultura.com.br.

Fonte: Site Cultura e Mercado    http://www.culturaemercado.com.br/panoramadacultura/mas-o-que-e-cultura/

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