Aos Leitores do blog

Sejam Bem-vindos!!! Este é um espaço dedicado a arte e aos seus (futuros) admiradores. Ele é uma tentativa de despertar em seus visitantes o gosto pelo assunto. Aqui, poderão ser encontradas indicações de sites, livros e filmes de Artes Visuais, imagens de artistas, alem do meu processo de trabalho. É o meu cantinho da expressão. Espero que sua estadia seja bastante agradável e proveitosa.
Este Blog é feito para voces e por voces pois muitas das postagens aqui presentes foram reproduzidas da internet. Alguma das vezes posso fazer comentarios que de maneira parecem ofensivos porem nao é minha intençao, sendo assim, me desculpem. Se sua postagem foi parar aqui é porque ela interessa a mim e ao blog e tento focar os pontos mais interessantes. A participaçao dos autores e dos leitores é muito importante para mim nestes casos para nao desmerecer o texto nem acabar distorcendo o assunto

terça-feira, 22 de abril de 2014

PRESERVAR É COISA SERIA. RESTAURAÇÃO TAMBEM,

Preservar é coisa séria. Restauração também, por Jorge Luis Stocker Jr

A restauração de bens históricos é competência do profissional arquiteto e urbanista, segundo a legislação existente e as resoluções internas do CAU. O conhecimento técnico e teórico necessário para propor uma restauração, no entanto, ainda passa longe de integrar efetivamente os currículos. Este conhecimento específico está restrito às pós-graduações profissionalizantes, que ainda são poucas e, devido a geral não exigência de especialização para assumir uma obra de restauro, tornam-se pouco atrativas.
 O efeito Dona Cecília está presente em muitas obras de restauração.
O efeito Dona Cecília está presente em muitas obras de restauração.
O resultado deste lapso de informação e de formação é a agressão contínua a bens patrimoniais de importância ímpar, que são submetidos a intervenções equivocadas ou até desastrosas que aceleram sua degradação, desfiguram seu aspecto volumétrico ou mesmo implicam praticamente na perda total do bem.
Antes de mais nada: Existem casos e casos
É preciso sempre deixar muito claro que patrimônio cultural é diverso e não um conceito fechado e absoluto. Existem diferentes tipos de valores, e diferentes intensidades de importância destes valores, que podem ser atribuídos aos bens culturais.
Existe, portanto, aquele bem que pode ser inventariado como patrimônio cultural ainda que não tenha grandes valores artísticos ou históricos – mas em contrapartida, compõe paisagem ou pertence a uma tipologia característica do local. Estes bens patrimoniais normalmente se prestam a receber intervenções mais profundas, desde que mantenham suas características principais (volumetrias, ritmo de fenestrações, etc).
E existem aqueles bens que tem enorme relevância arquitetônica e/ou histórica, bem como paisagística, documental, social e etc. que, por suas características únicas, merecem muita prudência, sensibilidade e cuidados ao receberem intervenções recuperativas. Isso não significa que não possam ser adaptados e receber anexos, e sim que essas adaptações anexos devem ser elaboradas com todo cuidado e seguindo diretrizes de preservação.
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Jogo dos 7, ou mais, erros.
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É importante frisar que o senso comum de “manter apenas a fachada” é bastante perigoso e equivocado. Faz-se necessário analisar sempre muito bem os valores de cada bem histórico, para que se defina o que nele é importante e o que eventualmente possa não ser.
Intervenções desastradas
Recentemente o caso da desfiguração de uma pintura religiosa promovida pela “dona Cecília” teve grande repercussão na mídia internacional. A deformação de uma obra de arte é bastante fácil de reconhecer. Já a deformação de obras de escultura e de arquitetura muitas vezes passam despercebidas, devido aos poucos bons referenciais estéticos e culturais da população.
O efeito "dona Cecilia" - na arte visual é fácil de reconhecer. Já tentou em edificações?
O efeito “dona Cecilia” – na arte visual é fácil de reconhecer. Já tentou em edificações?
O tema torna-se delicado e difícil pois, para o senso comum, qualquer obra recuperativa seria melhor do que o abandono. O problema é que as obras recuperativas equivocadas acabam sendo tão agressivas para a preservação do bem histórico quanto o abandono. A analogia com a pintura anteriormente apresentada é válida – será que esta “recuperação” salvou a pintura? Será que estas reformas desastrosas salvam, de fato, os bens históricos?
O senso comum considera restaurada a edificação que após algumas obras fica em aparente bom estado, com tinta fresca colorida e “ bonita”. A questão, no entanto, é muito mais complexa: além do conceito de “beleza” ser muito relativo, soluções técnicas inadequadas, mesmo com intenção de recuperar, costumam inclusive piorar a saúde da edificação.
Podemos citar como alguns exemplos mais recorrentes o uso de reboco composto por cimento em edificações incompatíveis (deixando as paredes rapidamente com reboco craquelado – o que facilita infiltrações pluviais); uso de tintas inadequadas – como a latex acrílica ou até a antipixação – sufocando as paredes antigas (que rapidamente se destacam da parede, gerando bolhas que igualmente facilitam infiltrações); construção de lajes, proto-lajes e outros tipos de coberturas ou anexos contíguos a edificação histórica com técnicas inadequadas, gerando áreas de contato problemáticas que facilitam infiltrações, exposição indevida de madeiramentos que passaram décadas escondidos por reboco, expondo material frágil às intempéries, envernizamento de taipas de barro; aterramento de porões e fechamento dos respiros, causando umidade ascendente e prejudicando a longo prazo até mesmo as fundações, entre tantos outros inúmeros desastres.
Efeito do uso de tinta inadequada. Bonitinha, mas ordinária!
Efeito do uso de tinta inadequada. Bonitinha, mas ordinária!
As intervenções inadequadas são muito mais dispendiosas a longo prazo, visto que geram novas patologias e até problemas estruturais graves que precisarão ser corrigidos; e principalmente, descaracterizam o conteúdo cultural da edificação, agredindo o direito à memória de todos os cidadãos. A descaracterização dos bens históricos protegidos por lei é gravíssimo, pois torna questionável todo o esforço pela preservação, uma vez que derruba diretamente o principal objetivo que é a manutenção da memória através do documento histórico (edificação e paisagem), servindo a toda a sociedade.
Reboco inadequado para paredes com rejunte a base de barro e cal e seu efeito...
Reboco inadequado para paredes com rejunte a base de barro e cal e seu efeito…
Torna-se, portanto, urgente e necessária a maior difusão do conhecimento técnico de restauração de bens históricos, tanto para o projeto quanto para a execução das técnicas tradicionais. Ainda mais urgente é a evolução das políticas de patrimônio cultural, para que de fato contemplem e possibilitem que proprietários de imóveis particulares tombados ou inventariados financiem a recuperação dos imóveis com assessoramento técnico adequado. E o aparelhamento dos órgãos de preservação nacional e estaduais, permitindo que contribuam no processo de estabelecimento de diretrizes, aprovação de projetos e acompanhamento das obras mais importantes, uma vez que ainda é numericamente impossível que cada Prefeitura mantenha técnicos capacitados nesta área.
Enquanto a questão não evoluir, continuaremos nos deparando com inúmeras restaurações com o padrão “dona Cecília”.
Jorge Luís Stocker Jr., estudante de Arquitetura e Urbanismo, delegado regional da Defender no Vale do Sinos e Encosta da Serra
Fonte: dzeit.blogspot.com.br

terça-feira, 25 de março de 2014

MESMO COM O AUMENTO DE PUBLICO, MUSEUS CONTINUAM FORA DAS PRIORIDADES DO ESTADO

   Ola pessoal, confirmo que no inicio quando li este texto, pensei em apenas colocar o resumo dele ou o que entendi pois é cansativo devido a tantos números que aparece em um texto que aparentemente nem é sobre cultura. Porem se aguentarmos firmes e prestarmos atenção nele, percebemos que os dados são usados para comparar a desigualdade em termos de cultura que há no Brasil em relação a outros países. Se pensarmos que é errada esta comparação como no próprio texto diz, entao não veremos o quanto o pais tem grandes passos para dar e fica querendo mostrar para nos brasileiros que esta tentando desenvolver. Se um pais quer desenvolver porque não investe em cultura (no caso aqui museu, espaços estes que também são de aprendizados, assim como as escolas mesmo muitas delas não tenham ao menos uma infra-estrutura descente). Investir em cultura é tornar um "país rico...é um país sem pobreza" como é dito em nosso slogan nacional. Enfim, leiam o texto caso se interessem para ver o que estou falando. Comentem tambem.

Mesmo com aumento de público, museus continuam fora das prioridades do Estado, por Teixeira Coelho

Em política cultural, a primeira questão é: como poderia ser?  É essa a pergunta básica das ciências, as exatas e as ditas humanas, entre as quais está a política cultural.
E quando se busca a resposta, a referência, se houver alguma, tem de ser a que estiver lá na frente, não a mediana, nem a pior. Digamos, a França. Em 2011, ainda crise na Europa, o Estado francês investiu 13,4 bilhões de euros em cultura, que apresentou um valor agregado (espécie de PIB na área, tudo somado) de 57,8 bilhões de euros, equivalentes a 3,2% do valor agregado geral da economia francesa. Veja bem: 3,2% é o mesmo índice da produção agrícola da França.
Com a cotação do euro em R$ 3,28, o valor investido pelo Estado francês é de R$ 43,9 bilhões. Dados de 2012 indicam que o orçamento do MinC para 2013 foi previsto em  R$ 2,9 bilhões. O próprio MinC indicava que faria a gestão de uns R$ 5 bi, se incluídos os R$ 2 bi previstos para a Lei Rouanet. Digamos que nada do orçamento do MinC foi contingenciado (não gasto, por ordem do Executivo).
Digamos que os R$ 2 bi da Rouanet foram de fato aprovados, conseguidos e investidos. Mas, se os dados estiverem corretos e tudo tiver sido executado, o Estado brasileiro terá colocado na cultura uns R$ 5 bi; o francês investiu cerca de oito vezes mais que isso.
Alguém dirá que não se pode comparar a França com o Brasil. Mas o quadro do PIB dos países diz que o do Brasil, na 7ª posição mundial, é maior que o da França. É apenas pouco superior (menos de US$ 100 bi) mas é superior. A participação do setor agrícola no PIB do Brasil é de 4,53% (fora o agronegócio). Se o Brasil tivesse a mesma atitude da França em relação à cultura, estaria investindo pelo menos esses R$ 44,7 bi por ano.
A participação da cultura no PIB do Brasil costuma ser superestimada, chega-se a falar em 6%. Especialistas neutros apontam para uma fatia de 3% do PIB para a cultura nos países desenvolvidos. É mais prudente. Mesmo que no Brasil a cultura tenha só 3% do PIB, é provável que ela esteja, aqui, apenas pouco mais de um ponto abaixo da agricultura.
É muito respeitável, considerando que o Brasil é um país agrícola. O investimento do Estado em cultura no Brasil poderia estar ao redor daqueles R$ 44,7 bi por ano. Mesmo acrescentando-se eventuais gastos em cultura de outros ministérios, das cidades e dos Estados, não se chega perto dos números franceses (também lá seria preciso acrescentar outros 7,6 bi de euros gastos pelas coletividades territoriais). E, no entanto, o Brasil tem um PIB maior que o da França.
Com esse dinheiro, a França apoia seus museus em pelo menos 50% de seus orçamentos. A cultura é importante para a “marca França” e, nela, os museus são decisivos para a imagem da marca no exterior. Só o Louvre puxa para Paris 10 milhões de visitantes por ano, a maioria estrangeiros. A principal razão para a vinda de turistas a São Paulo é um museu: o Masp.
Museus não vivem só do Estado. A sociedade civil é decisiva, sobretudo em países onde o Estado não controla os principais museus, como nos EUA. Ali, a sociedade civil “comparece” na economia e na gestão dos museus. O MoMA é uma verdadeira corporation disfarçada de museu, obtendo índices das agências de avaliação econômica melhores que o da maioria dos países.
Quer dizer, emprestar ao MoMA, doar para o MoMA, investir no MoMA é seguro. E a sociedade civil não apenas colabora com os museus existentes: os colecionadores abrem os seus. Como na Alemanha. No Brasil, isso é raridade.
E o terceiro pé de sustento dos museus é a iniciativa privada, o mecenato corporativo. No Brasil, a regra é dar para a cultura o que couber na dedução fiscal. Só. Se o ano for ruim, se a remessa de lucros for alta, se os investimentos (dedutíveis) forem grandes, pouco se dá. Ou nada.
Tudo isso explica por que os museus no país não participam da “marca Brasil”, que, se houver, continua a ser samba, futebol e cerveja – e seus desdobramentos.
Os museus brasileiros melhoraram na última década, em termos de público. Inhotim é uma estrela em ascensão, o Estado de São Paulo cuida bem da Pinacoteca e a Fundação Iberê Camargo é um farol no sul. O Masp, único museu com lugar internacional reconhecido (ainda), não é enxergado pelos três poderes públicos, apesar de ser a jóia da cidade; e a presença da sociedade civil em seus quadros é tímida.
Copa do Mundo e Olimpíada são pretextos para investimentos maciços dos Estados, também em cultura. Uma boa parte dos turistas quer ver fantásticas arquiteturas de museus e, neles, obras de arte excitantes. Os museus deveriam estar na lista de prioridades pelo menos do Estado. Não estão. Ah, alguém dirá: “não vale comparar com a França, que é um Estado cultural”. Mas, é isso que o Brasil poderia ser – com seus museus.
Teixeira Coelho é escritor, doutor em teoria literária pela USP e curador do Masp (Museu de Arte de São Paulo)
Fonte: UOL

http://defender.org.br/artigos/mesmo-com-aumento-de-publico-museus-continuam-fora-das-prioridades-do-estado-por-teixeira-coelho/

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

PRATRIMONIO CULTURAL, O QUE É E POR QUE PRESERVAR? Por Olivia Silva Nery

Eu, Laura, como autora deste blog, estou sempre a procura de noticias e opinioes tanto minhas quanto de outros sobre arte e patrimonio para mostrar aos meus leitores com o intuito de "ensina-los/ajuda-los. Isso acontece pois sinto ser esta a minha função como licenciada e bacharel da area cultural (sou formada em artes plasticas e tecnica em restauro). Sendo assim o que acho interessante coloco aqui e muitas vezes é um texto especifico como este (relacionado ao Rio grande do Sul) e ao meu ver é totalmente universal pois ha muito o que ser aplicado a todos... Sendo assim aqui esta o texto de hoje

Patrimônio cultural, o que é e por que preservar? Por Olivia Silva Nery

Foto: Virgilio Laborde
Foto: Virgilio Laborde

  Essa semana, no último dia 19, Rio Grande completou mais um aniversário, e, nessa data especial, várias características e histórias da cidade são relembradas em reportagens, documentários, etc. De certa maneira, é um período em que refletimos sobre o patrimônio cultural do Rio Grande. No entanto, não é um exercício que devemos fazer só em datas comemorativas. Deve ser algo mais constante na vida do rio-grandino. Patrimônio cultural é aquilo que nos aquece o coração, é uma chama interna existente em tudo que possui um pouco de nós, que nos identifica. Por isso, o patrimônio cultural está diretamente ligado à identidade e à memória; essa é a definição trazida pelo mestre em Museologia Bruno Soares e pela doutora em Comunicação Teresa Schneiner (2010). Nesse sentido, o patrimônio cultural de uma cidade, seja ele material ou imaterial, faz parte da identidade do lugar e das pessoas que nela habitam. O patrimônio cultural é, ao mesmo tempo, a expressão da memória, história e identidade.

Preservando e valorizando esses patrimônios, ao mesmo tempo, preserva-se e valoriza-se a história e a identidade da comunidade local. Rio Grande é a cidade mais antiga do estado do Rio Grande do Sul e, assim, possui vários prédios, costumes e culturas que contam esses mais de duzentos anos de história. Atualmente, a cidade passa por um processo de expansão econômica, em que há uma conexão e um diálogo com culturas de outras regiões. No entanto, mesmo em um momento de “boom” econômico, temos que refletir e observar como andam nossos patrimônios? O que eles representam para nós? Eles nos aquecem o coração?

Caso a maioria das pessoas tenha respondido que os patrimônios da cidade representam algo para nós e para si mesmo, que se sentem com os corações aquecidos quando passam por algum prédio, praça, participam de alguma festa, bebem jurupiga ou andam de vagoneta; quer dizer que esses lugares e tradições merecem um pouco mais de atenção, um pouco mais de cuidado e valorização – um ato que deve ser feito por todos que se sentem pertencentes a esses lugares. Vivemos em uma cidade cercada de riquezas culturais e naturais, mas nem todos os rio-grandinos e pessoas de outros lugares que vivem aqui conhecem.

Ações simples, como ir a lugares que nunca se foi antes, conhecer outros bairros, visitar os Museus, as ilhas que possuem tanta riqueza histórica e cultural, olhar para cima dos toldos e fachadas dos prédios, coisa que aprendi com minha professora e amiga Carmem Schiavon. Conhecer os produtos locais, passear pelas ruas da cidade com o olhar atento àquilo que no dia a dia passam despercebidos. São detalhes que fazem a diferença, que mostram o charme, a história, a memória e os esquecimentos da nossa cidade. Afinal, o patrimônio cultural não teria um pouquinho de cada um de nós?

Os assuntos ligados ao patrimônio cultural estão sendo alvo de muitos estudos dentro da área das Ciências Humanas e Sociais, pois o patrimônio cultural pode ser fonte de análise e de compreensão de várias características da nossa sociedade. Todo patrimônio cultural carrega consigo um discurso político e memorial, pois toda a seleção de um patrimônio possui um motivo, um discurso; para Doutora em História Maria Letícia Mazzucchi Ferreira (2011), o patrimônio é a expressão política da memória e surgirá da relação com o passado e a sua gestão no presente. Juntos, os patrimônios de uma cidade mostram muito sobre a mesma, sobre a política local, história, sociedade e memórias. O patrimônio, material ou imaterial, serve então como a consolidação e forma de compartilhamento de uma memória e de práticas culturais que são entendidas como heranças culturais, como uma ligação entre passado, presente e futuro.

Olivia Silva Nery, Bacharel em História. Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPel.

http://defender.org.br/artigos/patrimonio-cultural-o-que-e-e-por-que-preservar-por-olivia-silva-nery/

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PROCESSOS CRIATIVOS: CRIAR MAIS E MELHOR!

Nosso post da semana é sobre criatividade que por se sinal esta em todos os campos nao so na area artistica apesar de nelas ser mais ressaltada.

Processos criativos: criar mais e melhor

Criativos somos todos. Os pequenos saltos da evolução vieram de momentos insanos, em que resolvemos fazer algo diferente.
Assim, os macacos pelados acabaram conseguindo correr, navegar, voar até viajar ao espaço. Só não nos entendemos muito bem com a Mãe Terra, mas ainda temos chance de consertar isso.
As ideais estão por aí, disponíveis para todos. Individualmente, ou  coletivamente, abra um espaço para elas.  Basta arriscar, novas soluções e formas não só nos processos artísticos/funcionais/elaborativos,  mas na própria vida.
Processos criativos tem algo de parto, e nunca se sabe na hora  o que vai aparecer primeiro, a cauda ou a cabeça do bicho.
Pode ser rápido, imperceptível ou chegar como um caminhão te atropelando.  Ideias surgem assim, instantâneamente, como um sonho caído no chão.
Seja como for, não perca a chance.  Rabisque, grave, desenhe, anote, fotografe. Não pense.
Ninguém é dono  das ideias. Elas tem vida própria e cabe a nós apenas entender o que querem dizer. Elas tem algo mágico que precisa ser cuidado e guardado.
Seguem três  dicas para exercitar e melhorar o resultado de seus processos criativos e aproveitar melhor o que pode surgir deste mundo das ideias:

1) O valor de fazer: Tem que exercitar, deixar o processo germinar. Não é questão de  encontrar uma ideia ou outra. O fazer é mais importante do que o resultado, sem se preocupar com o tempo. A observação e a prática criam o melhor espaço para fazer acontecer.

2) Juntando pedaços: As partes nem sempre aparecem em ordem. Aprenda a separar, achar o tom, a estrutura. Uma coisa puxa outra e tudo acaba se encaixando.  Você vai  acabar descobrindo a forma e o tamanho da coisa.

3) A arte do acabamento Todas as artes passam por um trabalho longo de molde e aperfeiçoamento. É  a parte mais trabalhosa, cansativa,  onde se faz e refaz , cria-se forma, ritmo, estrutura.  É importante  terminar e perceber quando o trabalho chegou ao fim.

A criação tem  este toque, de gerar de vida e deixar a coisa viver por conta própria. Começar e terminar é a principal arte.
Alguns tem ideias aos montes, outros menos. Mas o  que acontece com elas  é que define o futuro das criações e dos criadores, sejam artistas, cientistas, filósofos ou pessoas comuns.

As obras e as artes apresentam os dois lados da moeda.  Querem dizer algo e  querem ser entendidos de alguma forma.  Todos precisam da emoção e do entendimento das pessoas.
E no final das contas, nada supera a objetividade e a simplicidade.  A natureza  nos ensina isso, todos os dias.

Roberto Tostes é consultor de comunicação e web na área de marketing digital e design gráfico, publicitário, escritor e colaborador dos blogs Webinsider, PontoMarketing e Popmídia Talentos. Twitter: @robertotostes - Web: robertotostes.com

fonte: http://www.popmidia.com.br/talentos/processos-criativos-criar-mais-e-melhor/

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O LUGAR DO MUSEU NA EDUCAÇÃO

Leonel Kaz responde à espantosa pergunta do ministro Aloizio Mercadante sobre o que é que museu tem a ver com educação

Museu é o lugar em que "a criança se educa, vivendo" como nos ensinou, desde 1929, o educador Anísio Teixeira, ao falar da escola (Ilustração: Cavalcante)
Museu é o lugar em que “a criança se educa, vivendo” como nos ensinou, desde 1929, o educador Anísio Teixeira, ao falar da escola (Ilustração: Cavalcante)
Texto publicado originalmente a 14 de junho de 2013

A espantosa pergunta feita pelo ministro — da Educação! –, Aloizio Mercadante, durante visita, dias atrás, a um dos museus da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, mereceu uma educada e ilustrada resposta do jornalista, crítico de arte, gênio das artes gráficas e editor Leonel Kaz, curador de um dos mais interessantes e criativos museus do país, o Museu do Futebol, em São Paulo, e uma das pessoas mais cultas e inteligentes que conheço.

Tomara que Mercadante aprenda algo. Confiram:


Artigo publicado no jornal O Globo

O LUGAR DO MUSEU NA EDUCAÇÃO

“O que o museu tem a ver com educação?”

Essa pergunta do ministro da Educação, Aloízio Mercadante, na imprensa e repercutida na Coluna do Noblat (3/6) do Globo, merece algumas ponderações. Faço uma dezena delas:


1. Museu é lugar para se entrar de corpo inteiro, tridimensionalmente, com todos os sentidos despertos. Cada obra de arte ou objeto exposto nos convida a olhá-lo, a partilhar dele, a se entregar a ele. Esse é o caminho da educação de qualidade: permitir que a vida nos invada e que o objeto inanimado ganhe um vislumbre novo, a cada dia, em cada visita. O Grande Pinheiro, tela de Cèzanne no Masp, pode ser vista cem vezes e, a cada vez, será diferente da outra; o quadro, de certa forma, muda, porque muda o mundo e mudamos nós também.


2. Museu é lugar, portanto, de olhar de forma distinta para as coisas. E para os seres também. É lugar de aprender a olhar com outro olhar para o outro (que quase nunca o vemos), para a escola (que pode ser, a cada dia, diferente do que é habitualmente) e para a cidade (que tanto a desprezamos, porque parece não nos pertencer).


3. Museu é lugar de entrar e dizer: é nosso! Museus são lugares de coleções, e as cidades, também. Cidades são escolas do olhar, pois nos permitem colecionar tudo de nossa vida: os dias que passam, a família que reunimos, os amigos que temos e ainda os bueiros da rua e as janelas que vislumbramos em nosso caminho diário (elas falam de épocas diferentes, narram histórias distintas). A cidade é a história.


              O Museu de Arte de São Paulo (MASP) (Foto: O Globo)

4. Museu é lugar onde a cidade (a história) se reconta. Rebrota. Onde ela nos faz crer que, para além do mero contorno do corpo, existimos. Criamos uma identificação com aqueles fatos e pessoas que ali estão, que nos antecederam em ideias, pensamentos e sentimentos. Que ajudaram a criar “o imaginário daquilo que imaginamos que somos”, como definiu o poeta Ferreira Gullar. É dentro da plenitude deste imaginário que o Museu nos reaviva a memória e o fulgor da boa aula.

5. Museu é o lugar do mérito, onde peças e imagens entraram porque mereceram entrar, porque foram, em algum momento, singulares. Elas estão ali para nos apontar que cada qual que as visita pode ter sua singularidade, e que ninguém precisa ser prisioneiro dos preconceitos do mundo. Museu é onde a cultura aponta à educação que tanto um como o outro foram feitos para reinventar o modo de ver as coisas.

6. Museu é lugar para se abandonar a parafernália eletrônica, os iPads, iPhones e Ai-ais e permitir que obras e imagens que lá se encontram repercutam em nós. Num museu somos nós os capturados pelos objetos, somos nós o verdadeiro conteúdo de cada museu, com a capacidade de transformar e sermos transformados pelo que nos cerca.

7. Museu é lugar para criar um vazio entre o olhar que vê e o objeto que é visto. Um vazio de silêncio. Um vazio que amplia horizontes de percepção. Assim, o professor deixa de ser professor e passa a ser o que verdadeiramente é: um inventor de roteiros, um “possibilitador” de descobertas. É lugar de aluno, com a ajuda dos mestres, revelar potencialidades insuspeitas, tantas vezes esmagadas pelo caráter repressor das circunstâncias que o cercam.

8. Museu é lugar de experiência. Tudo o que é pode não ser: há uma mágica combinatória em todas as coisas, como as crianças nos ensinam. Tudo pode combinar com tudo, independentemente de critérios, ordenamentos, hierarquias. A ordem do museu pressupõe a desordem do olhar.

9. Museu é ainda lugar de coleções (embora a internet seja, hoje, o maior museu do mundo). Assim, o museu não é mais apenas um espaço físico, assim como a escola não o é. A cidade toda é uma grande escola. O Museu é uma de suas salas de aula.

10. Museu é o lugar em que “a criança se educa, vivendo” como nos ensinou, desde 1929, o educador Anísio Teixeira, ao falar da escola.


Leonel Kaz é curador do Museu do Futebol

http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/leonel-kaz-responde-a-espantosa-pergunta-do-ministro-aloizio-mercadante-sobre-o-que-e-que-museu-tem-a-ver-com-educacao/

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