Imagem de uma intervenção urbana em Curitiba pega na internet
Intervenção Urbana
termo utilizado para designar os movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos. No início, um movimento underground que foi ganhando forma com o decorrer dos tempos e se estruturando. Mais do que marcos espaciais, a intervenção urbana estabelece marcas de corte. Particulariza lugares e, por decupagem, recria paisagens. Existem intervenções urbanas de vários portes, indo desde pequenas inserções através de adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas.
"O que hoje chamamos de intervenção urbana evolve um pouco da intensa energia comunitária que floresceu nos anos de chumbo. Os trabalhos dos artistas contemporâneos, porém, buscam uma religação afetiva com os espaços degradados ou abandonados da cidade, com o que foi expulso ou esquecido na afirmação dos novos centros. Por meio do uso de práticas que se confundem com as da sinalização urbana, da publicidade popular, dos movimentos de massa ou das tarefas cotidianas, esses artistas pretendem abrir na paisagem pequenas trilhas que permitam escoar e dissolver o insuportável peso de um presente cada vez mais opaco e complexo." Maria Angélica Melendi
"Cabe observar que, atualmente nas artes visuais, a linguagem da intervenção urbana precipita-se num espaço ampliado de reflexão para o pensamento contemporâneo. Importante para o livre crescimento das artes, a linguagem das intervenções instala-se como instrumento crítico e investigativo para elaboração de valores e identidades das sociedades. Aparece como uma alternativa aos circuitos oficiais, capaz de proporcionar o acesso direto e de promover um corpo-a-corpo da obra de arte com o público, independente de mercados consumidores ou de complexas e burocratizantes instituições culturais." Wagner Barja
"Houve um tempo em que o termo intervenção era privilégio legítimo de militares, estrategistas ou planejadores e o urbano adjetivava o futuro ainda longínquo para a maioria da população mundial. Se a intervenção urbana foi, no século XX, predominantemente heterônoma, uma ordem vinda de cima, a partir da segunda metade deste mesmo século, os artistas começaram a interceptar tal heteronomia e a apropriar-se da possibilidade de intervir no mundo real e na cultura, irreversivelmente urbanos. Neste curto intervalo histórico, diversas iniciativas artísticas realizadas fora dos museus e galerias, dos palcos e dos pedestais buscaram novas relações socioespaciais e consolidaram a idéia de intervenção urbana em dois rumos: como estratégia de transformação física (monumentos também heterônomos) ou como tática de uso da cidade e da cultura (interferências efêmeras, imagéticas, móveis, colaborativas). Atuando através de forças imprevistas, de conflitos de tradução e da expansão das noções e hierarquias tradicionais do espaço, tais práticas (a deriva, o minimalismo, a land art, o building cut, o happenning, o site-specific, etc.) desmontaram de uma vez por todas a ideia clássica de arte baseada no consenso e possibilitaram a emergência complexa e indelével da noção de público. E se hoje a expressão intervenção urbana soa como lugar comum até no mais remoto rincão sonhado pelos landartistas – quando o território está globalmente esquadrinhado pelos satélites, parcelado pelos interesses imobiliários e maculado pela latinha de Coca-Cola abandonada – o espaço público continua a ser uma das promessas não cumpridas da cidade. Público que, obviamente, não se refere apenas à ideia de audiência ou espectadores, mas a um conjunto de redes e espaços de participação e autonomia que conformam o território “de todos” na cidade, na diversidade dos seus aspectos sensíveis. Uma breve e provisória taxonomia do espaço público no contexto da arte atual delineia, em maior ou menor grau, o desejo – poético, político, coreográfico – de propor contribuições para futuros renovados que permitam que o senso de coletividade e a prática espacial crítica exerçam-se na cidade: (1) as experiências artísticas construídas sob a ideia do espaço público como mera localização testemunham o esvaziamento de suas redes territoriais, quando a cidade é utilizada apenas como lugar de exibição ou palco especial; (2) o espaço público entendido como processo e negociação retoma a esfera pública com seus conflitos e diversas vozes, tentando ver emergir discursos e possibilidades; (3) o espaço público como lugar de estudo corográfico tenta se aproximar das investigações geográficas e geopolíticas, repensando a arte através das experiências dos territórios de intolerância mundial; (4) o espaço público como prática de mapeamento performativo apresenta a ideia do mapa pessoal como escritura crítica de navegação da cidade; (5) o espaço público virtual lida com a emergência dos aparatos globais de medição, comunicação e monitoração do espaço, num alargamento redundante da esfera pública.." Renata Marquez e Wellington Cançado
Artistas e grupos
...realizadores de intervenção urbana:
- Poro - Intervenções Urbanas e Ações Efêmeras
- GIA - Grupo de Interferência Ambiental
- EIA - Experiência Imersiva Ambiental
- Esqueleto Coletivo
- Descalços
- Rubens Mano
- Joan Brossa
- Frente 3 de Fevereiro
- Espaço Coringa
- Media Sana
Saiba mais sobre Intervenção Urbana
- Intervenção Urbana - Vírgula-imagem
- Interveção urbana - revista Polêmica Imagem/UERJ nº15
- e na edição nº16 também…
- PIA - Programa de Interferência Ambiental
- SPA das Artes
- Terreno Baldio
- Perdidos no Espaço/Formas de pensar a escultura
- Paisana - desdobramentos sobre a paisagem
- Projeto Arte/Cidade
- Coletivos em Rede e Organizações
- Arte.Coletivos
- Documentário sobre o Poro e suas intervenções
Rizoma.net
O Rizoma.net foi um importante site que abrigou rico acervo de artigos sobre ativismo e intervenção urbana. O site saiu do ar em 2009, mas seus textos podem ser acessados a partir destes links:
- Coleção completa de e-books do Rizoma em PDF
- e-Books do Rizoma no Camaléo
- e-Books do Rizoma no Issuu
- e-Books do Rizoma em PDF para download
-> há também este link alternativo para os PDFs - Acervo de textos do Rizoma.net no Archive.org
Fontes:
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