Aos Leitores do blog

Sejam Bem-vindos!!! Este é um espaço dedicado a arte e aos seus (futuros) admiradores. Ele é uma tentativa de despertar em seus visitantes o gosto pelo assunto. Aqui, poderão ser encontradas indicações de sites, livros e filmes de Artes Visuais, imagens de artistas, alem do meu processo de trabalho. É o meu cantinho da expressão. Espero que sua estadia seja bastante agradável e proveitosa.
Este Blog é feito para voces e por voces pois muitas das postagens aqui presentes foram reproduzidas da internet. Alguma das vezes posso fazer comentarios que de maneira parecem ofensivos porem nao é minha intençao, sendo assim, me desculpem. Se sua postagem foi parar aqui é porque ela interessa a mim e ao blog e tento focar os pontos mais interessantes. A participaçao dos autores e dos leitores é muito importante para mim nestes casos para nao desmerecer o texto nem acabar distorcendo o assunto

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

OBRAS PRIMAS QUE OS GRANDES MUSEUS NAO EXIBEM (e por quê))

   O texto de hoje também não pode ser copiado por isso foi colocado em formato de imagem (atenção: eu colo mas sempre coloco a fonte de onde tirei então...). Ele fala sobre o fato de museus terem obras que nem chegam aos olhos do publico ficando guardadas na reserva técnica e muitos não entendem o porquê deste fato. Como a reportagem foi escrita em inglês as referencias são os museus da Europa porem isso acontece aqui também. Primeiro porque as obras recebidas tem que passar por um processo de analise do estado que se encontra e entrar para o registro das instituições, depois elas são higienizadas conservadas e acondicionadas para então depois ser analisada se entram em alguma exposição ou não. Vamos lá:

OBRAS PRIMAS QUE OS GRANDES MUSEUS NÃO EXIBEM (e por quê)

                                       Kimberly Bradley

da BBC Culture 

5 fevereiro 2015 



        Números não mentem. No Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa), das 1221 obras de Pablo Picasso que a Instituição possui, somente 24 podem ser vistas atualmente pelos visitantes.

   O acervo conta também com 156 quadros de Joan Miro, mas apenas nove estão em exibição.

    Em Londres, a Tate só expõe 20% de sua coleção permanente. Ja as obras a mostra no Louvre, de Paris, representam 8% de seu acervo.

          
        Outros museus, como Tate, o MoMa e o Metropolitan de Nova York, estão se expandindo em uma tentativa de aumentar o espaço para as visitas a coleção permanente.
            Até que esses tesouros venham a ser redescobertos, conheça algumas das maravilhas das artes que estão guardadas longe dos olhos do publico.

'Lebre Jovem' de Albrecht Durer (1502), galeria albertina em Viena

         A famosa aquarela e guache do alemão Durer é considerada uma obra-prima da observação, e sua representação serviu de exemplo para artistas muitos seculos depois. Trata-se também do quadro mais importante da coleção da Albertina. Mas ele quase não é visto porque depois de no máximo três meses em exibição, a Jovem Lebre precisa de cinco anos em uma sala escura, com menos de 50% de umidade, para que o papel "descanse". A próxima chance de ver a obra sera em 2018.

'A Piscina', de Henri Matisse (1952) -  Museu de Arte Moderna de Nova York. 

     As ondas e os nadadores de A Piscina fazem parte de uma grande instalação em papel feita para a sala de jantar do pintor francês em Nice. Quem quiser vê-la terem só ate fevereiro, quando se encerra a exposição Henri Matisse: The Cut-Outs, que reúne obras em colagem feitas pelo artista francês. Adquiridas pelo MoMa em 1975m a obra passou quase 20 anos sendo restaurada por causa de descoloração e de manchas. Quando a mostra acabar, a Piscina voltara a ser guardada em caixas especiais climatizadas.

  'Mural em Terra Vermelha Indígena' de Jackson Pollock (1950) - Museu de Arte contemporanea de Teerã

     Nos últimos anos do reinado do xá iraniano, durante um período de boom do petróleo, a rainha Farah Pahlavi reuniu uma incrível coleção de arte moderna que hoje esta avaliada em bilhões de dolares. Os Picassos, Pollocks e Warhols exibidos no museu, entre outros nomes, puderam ser vistos desde sua inauguração, em 1977, ate a Revolução Iraniana em 1979, quando a arte foi desprezada como sendo "ocidental demais". Algumas obras são emprestadas a outros museus do mundo, mas sua exibição em Teerã depende de quem esta no poder.

'Os Grandes Cavalos Azuis' de Franz Marc - The Walker Art Center, Minneapolis, nos EUA.

     O quadro do pintor alemão foi a primeira aquisição do Walker Art Center, em 1940. A pintura, chamada "degenerada" por Adolf Hitler, foi a primeira incursão do museu no mundo da arte moderna. Mas hoje o local da destaque a obras posteriores a 1960 e, por isso, esse quadro nunca é visto. A chance começa agora e vai ate setembro de 2016, na exposição especial que comemora os 75 anos da instituição.

  

       'A Exposiçao de Arte', de Edward Kienholz (1963 - 1977)  -  Berlinische Galerie, em Berlim.

    Essa obra é uma instalação em grande escala que representa visitantes vendo uma exposição, com ventiladores em vez de bocas. Mas ela quase nunca é exibida porque precisaria de uma galeria inteira dentro do museu. Alem disso, ela precisa de uma grande quantidade de tempo e energia para ser montada.
     
      O Tapete da Coroação (1520-1530) e o Tapete de Ardabil (1539-1540) - Museu de Arte de Los Angeles

     Trata-se de um conto de dois tapetes. O Ardabil é um tapete persa que so recebe luz por dez minutos a cada hora, para preservar suas fibras com seculos de idade. Ja o Coronation Carpet, colocado na frente do trono na coroaçao de Eduardo 7º em 1902, tambem é raramente exposto, por ser muito grade e extremamente sensivel a luz.

  'Isto É Propaganda' de Tino Sehgal (2002) - Tate Modern, em Londres.
   
    O artista britanico radicado em Berlim, dedicado a arte performatica, é dono de uma obra "Imaterial". Nao é ele quem executa seu trabalho, mas sim "interpretes que ele treina. Sehgal tambem proibe qualquer tipo de registro de suas performances. Quer apenas que a experiencia seja vivida. This is a Propaganda, que coloca um segurança do museu a repetir frases para cada visitante, existe apenas na mente do artista.

Leia versao original desta reportagem em ingles no site BBC Culture.



Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/02/150204_vert_cul_arte_escondida_ml

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

COMO ANDA SUA CRIATIVIDADE?

O texto foi retirado de um site sobre artesanato e achei bem interessante pois acontece mesmo. 
   Vamos a ele:

COMO ANDA SUA CRIATIVIDADE?

  Por Cris Turek em 30 de Janeiro de 2015
 
 
    Olha só, estou aqui de novo com um assunto sério. Alias esse é bem sério: a Criatividade. E a grande pergunta é: por onde anda a sua? Ela está legalzinha?

      Em janeiro, com pique da galera em marcha reduzida, eu aproveitei para aprender um pouco mais. De tudo.

      Nisso que parei para pensar na minha turma querida: por ai, como anda o aprimoramento e a capacitação?
    Inicio de ano é uma época boa para estes assuntos. O ritmo das encomendas diminui um pouco, as pessoas se desligam enquanto saem de ferias e ai sobra aquele tempo importante pra investirmos em nos mesmos.

   A criatividade por exemplo, precisa ser trabalhada ou morre. Para mim ela é como um delicioso e cremoso sorvete. Ou a gente saboreia cada lambida ou ele se esvai, melequento entre os dedos.

     Nestes encontros em que pude participar, observei muitas pessoas preocupadas apenas em pegar todas as dicas prontas e mastigadas para dali sair fazendo tudo exatamente igual. O mesmo formato, a mesma cor, o mesmo tamanho. Esse para mim é o sintoma do sorvete derretido. Ele ainda tem sabor, mas não dá mais para saber lambendo.

   Analisando também nosso espaço da internet, ele é um lugar estranho, né não? Possibilita um campo gigantesco de pesquisa e ao mesmo tempo pode levar ao limbo da criatividade estagnada. 
E muito fácil buscar ideias prontas e  sair repetindo. E atenção; não há nada de errado em buscar inspiração na internet ou em livros e revistas. O detalhe é que um bom artesão tira do seu bau de ideias, aquele pulo do gato que vai transformar o projeto visto em algo inovador e com identidade. Identidade e estilo pesam na hora da venda.
    
    Se o bau anda meio vazio talvez seja porque não estamos exercitando para enchê-lo, só copiando. E como exercitar? Simples: pensando fora da caixa.
   
   Se para nosso trabalho é importante ter foco e prioridades, na hora de exercitar a criatividade temos que voltar a ser crianças e nos lambuzar com aquele sorvete. Olhar os objetos mais estranhos e imaginar artesanato neles, encontrar novas respostas para velhas perguntas, soltar a imaginação sem medo de acertar ou errar, apenas criar.
   
    Olhar o mundo redor e "ver" as coisas e a beleza que há nelas.Ousar, mergulhar de cabeça, perder o medo, testar e se desafiar. experimente:
  • Você pode pegar um papel e rabiscar um desenho, mesmo se não souber desenhar.
  • Ou então comprar uma tela limpa e de repente pintar uma figura sendo Picasso por um dia.
  • Pode também usar o celular e capturar uma imagem dentro da sua casa, depois na sua rua, depois pela cidade. Treine o olhar.
  • Pode brincar com algo que nunca usou, trocar de técnica só pra ver no que dá.   
     Tudo isso fará você abrir a mente e guardar lá novos registros de cores, composições formas. Muitas novas ideias que você aproveitará em futuros projetos. Quando precisar, poderá acessar esses registros mentais e usa-los sem medo de estar copiando.
   
    Fuja de copiar, sala da sombra de artesão criativo, seja alguém. Assim terá sucesso, visibilidade e reconhecimento, deixando para trás aquele rótulo de artesanato do "isso eu já vi por ai".(e é o que mais tem em feirinha de artesanato)

  Lembre que peças iguais caem na vala do preço e peças com identidade de inovação ganham em qualidade.

  Mas me diga, o seu sorvete está gostoso? 
  Esta história de as pessoas darem estas aulas para servirem como modelo e o pessoal copiar tudo certinho acontece mesmo. Discordo dessa pratica completamente. Para mim nesta aulas, nem devia falar tudo tão explicadinho. Tipo: ao falar de cores usadas não precisa especificar, o melhor é falar para usar o pincel e a cor do seu gosto, porém geralmente vivem de patrocinadores dai a propaganda. Muitas vezes fazendo cursos, os insights (ideias novas) surgiam la mesmo e eu inovava. Nada de ficar presos a receita gente. 
    As vezes o que se usa no artesanato pode ser usado num outro trabalho, ou uma receita pode ser incrementada com um ingrediente só sei que dará um sabor especial e assim vai. 
   O bom mesmo é seguir apenas a base, o resto deixa por sua conta, só se não der o mesmo efeito exato, ai sim você tem que seguir a risca se não; esquece! E é isso que faz a pessoa ser um inovador e abrir caminhos.

Fonte: blog Vila do artesão http://us1.campaign-archive2.com/?u=4b0a7ff450c1b85ecdad9c478&id=2239d898cb 

Complemento: como apagar a criatividade


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

DILEMAS DA CURADORIA

  O texto de hoje é sobre o que enfrenta a curadoria atual e como este papel surgiu no Brasil (ele foi editado apenas as partes que falavam sobre exposiçao que ja passaram e nao interfere no contexto)  
  O trabalho do curador de arte passa por desafios e conflitos inerentes a uma época em que o mercado dita as regras. Como atuar entre as questões conceituais e econômicas?

 Dilemas da curadoria

“Ser contemporâneo é estar preso a um paradoxo e, ao mesmo tempo, estar aberto a conflitos e desafios”, afirmou nesta quinta-feira (4/9) o escocês Charles Esche, durante o III Seminário Internacional ARTE!Brasileiros – A Arte Contemporânea no séc. XXI. 
   O evento aconteceu no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.(...)Ele relacionou o processo curatorial com as contradições inerentes à questão que abriu o seminário: o que é ser contemporâneo?
   (...)Esche já declarou que a arte deve ser democrática e não deve ficar confinada em galerias ou submetidas às leis do mercado.
  (...) As relações entre arte e mercado, por si só, ainda são vistas como conflitos e um dos principais desafios a serem enfrentados pelos curadores no mundo contemporâneo.
(...)
Arte x mercado - Para o artista plástico Traplev foi um dos selecionados deste ano para o Laboratório Curatorial da SP-Arte, um espaço para formação de curadores jovens, sob o comando de Adriano Pedrosa. Sua expectativa ao se inscrever para o projeto era justamente poder provocar e realizar uma crítica reflexiva dentro do circuito e do mercado de arte. “Eu atuo como artista desde o início dos anos 2000 e sou editor da publicação recibo, de artes visuais, que já distribuiu mais de 60 mil exemplares gratuitos. Não estou vinculado diretamente ao mercado de arte de galerias, feiras e etc, minha atuação sempre foi paralela a esses contextos”, conta.
   José Augusto Ribeiro, curador da Pinacoteca do Estado de São Paulo, acredita que tem havido uma “financeirização da vida”, com a economia ditando muitas escolhas, e a arte obviamente tem participado disso. O mercado altera a forma como a arte aparece no jornal e como os trabalhos são adquiridos para a coleção de um museu, por exemplo. “A expansão de mercado contribui. Nunca tivemos tantas galerias em São Paulo, tantos espaços de exposição, tantos artistas e militantes de arte.  
 
   As coisas vão muito bem e muito aquecidas pelo mercado. O contraste é que parece que cada vez tem mais público e, ao mesmo tempo, o lugar público que a arte ocupa está restrito a questões extra-artísticas, que são as econômicas”, analisa.
  Nesse sentido, um desafio dos curadores hoje em dia, para Ribeiro, é montar um quadro pertinente à teoria e à história da arte. “Talvez uma tarefa seja devolver relevância a essas disciplinas e armar um debate para a agenda pública”, diz, refletindo que o espaço da crítica de arte migrou para a figura do curador, hoje uma figura muito responsável pela visibilidade e circulação de determinados trabalhos. “O compromisso do curador deve ser com o trabalho de arte, mas hoje ele faz parte, é influenciado e influencia o mercado.”
   O desaparecimento da crítica de arte nos meios de comunicação também é apontado pelo professor Martin Grossmann, coordenador do Fórum Permanente: Museus de Arte entre o Público e o Privado, como um fator para o empoderamento do curador no circuito da arte. “A gênese da curadoria está dentro de um momento da história, na década de 1960, na Europa, quando os curadores transitavam muito mais entre os museus e os espaços alternativos. A relação com o mercado vai se fortalecer a partir dos anos 1980/90. É quando a cultura, no Brasil, deixa de ser ornamento e quando a política pública entende que a cultura é economia. A globalização tem um efeito muito marcante na conceituação do que é arte e o que é cultura. E a economia acaba formatando o curador”, afirma.
Entender o seu papel diante dessas dimensões, desse campo cultural mas que também é econômico, é um dos principais desafios dos curadores hoje, segundo Grossmann, e entra no âmbito da ética. “Por exemplo, um curador que dá assessoria a uma galeria e também para espaços públicos de arte faz o mesmo trabalho para o mercado privado e para o público. Ele não pode ser ingênuo diante disso, ou irresponsável”, defende.
    Para o professor, o curador, assim como mediador, como um gestor cultural, como um educador, precisa estar atento às características dessas condições. “Ele precisa estar bem informado sobre tudo isso e, ao fazer a mediação, alertar o público diante dessas contradições.”
    Na abertura do III Seminário Internacional ARTE!Brasileiros, o diretor do Instituto Itaú Cultural, Eduardo Saron, levantou outra questão que os curadores encontram hoje em dia: a desconstrução da curadoria frente aos novos formatos de construção colaborativa. Um debate que, segundo ele, ainda não tem respostas.
Fonte: http://www.culturaemercado.com.br/destaque/curadoria-em-questao/

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

PRECISAMOS FALAR DE IMAGEM (PARTE 2)

Continuando o Texto de terça passada...

o entrarei aqui na história do quadro, cujo título é uma espécie de falsa legenda, já que não se trata ali de uma ronda propriamente dita nem de uma cena noturna. A fotografia me atrai por dois motivos: em primeiro lugar porque a pintura sempre retorna para assombrar a imagem digital, e é exatamente assim, como coisa assombrosa, ao mesmo tempo distante e presente, que o quadro comparece na foto; por outro lado, a cena é emblemática de um problema bastante contemporâneo: como chegar a fazer com que uma imagem seja reconhecida em sua potência, seja realmente vista em meio à algazarra do visível? O desafio da formação de público se encontra aí com o problema ainda mais escorregadio da formação do olhar.

Diante da perda de prestígio cultural do campo artístico, muitos museus redefiniram sua missão cultural tentando e testando o ajuste entre essas duas questões – vale lembrar que o Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) criou a sua Escola do Olhar –, aliando a necessidade de formação de público a certa pedagogia do olhar. Sem diminuir a importância desses programas, em alguns dos quais já participei como artista, e reconhecendo o importante desafio que assumem, há também na proliferação veloz dessas iniciativas o risco de transformação dos museus em entidade pedagógica e da arte em aula infinita.

Independentemente da classe social ou do público que se pretende atrair para dentro dos museus, nem sempre os procedimentos propiciam de fato uma experiência do olhar. Ocorre muito quando, desajeitada ou apressadamente, tenta-se facilitar a compreensão das obras lançando mão de recursos lúdicos não tão cuidadosamente formulados como deveriam. Nos piores casos, a arte se transforma em pretexto luxuoso para atividades colaterais que infantilizam o espectador. O espectador emancipado fica aprisionado nos projetos de emancipação do seu próprio olhar.

Voltando aos jovens visitantes do Rijksmuseum, o fato de estarem de costas e desatentos ao quadro não significa que estejam rejeitando a pintura de Rembrandt. Irritados com os comentários agressivos, funcionários do Rijksmuseum esclareceram no Facebook que aquelas pessoas estavam na verdade consultando em seus celulares o novo aplicativo do museu, portanto continuavam interessadas no quadro, provavelmente em sua história, podendo também ampliar partes e detalhes, conforme as possibilidades do aplicativo.

Podemos questionar a pertinência, a necessidade ou a importância desse tipo de aplicativo para a formação do olhar, mas, apesar da indignação generalizada, é bem pouco provável que o novo app do Rijksmuseum seja mais nocivo do que um audioguia mal preparado ou um texto de parede excessivamente pedagógico. Lembro de um professor que acompanhava minha turma do Liceo Gaudenzio Ferrari à Galleria degli Uffizzi, em Florença, e falava tanto que desviava nossos olhos. É claro, a voz de um professor também é capaz de aproximar o olho da potência do que é visto, assim como os novos aplicativos também têm permitido aos pesquisadores e professores de História da Arte uma visualização dos meandros da pintura ampliando detalhes como nunca antes havia sido possível. Oferecem a possibilidade de um contato visual exploratório, quase arqueológico.

Interessa também não descolar totalmente o debate em torno das tecnologias de visão do contexto universitário do ensino de arte, já que no Brasil dependemos fortemente da reprodução de imagens. Assim, o problema se desviaria da recusa enojada ou do deslumbramento fútil com os novos aparatos de visualização, levando em conta que visualizar não é o mesmo que perceber. Tanto o olhar supersônico quanto o excesso de informação biográfica não garantem por si sós uma percepção mais apurada nem um encontro decisivo com um fato ou objeto artístico. Se o problema da formação do olhar dependesse exclusivamente do incremento ótico, não precisaríamos das histórias da arte, da arqueologia, dos antropólogos da imagem ou da própria crítica.

Por outro lado, é ingênuo acreditar que somos capazes de uma experiência puramente visual do visível. Não existe uma tal ilha da pureza sensorial fora da condição mediada da imagem na qual, por bem ou por mal, estamos instalados. Não há como escapar inteiramente dos “aplicativos” que orientam a compreensão de uma imagem, sejam eles os tradicionais guias turísticos, os discursos históricos, as ferramentas conceituais da teoria da arte, a pedagogia museológica ou nossa própria inércia perceptiva.
   O acesso à porção invisível do visível não passa necessariamente pelo aumento da capacidade ótica ou pela erudição desenfreada, mas por certa cautela diante da imagem. Como sugere John Berger, talvez seja uma boa hora para perguntas ingênuas cujas respostas podem ser tudo menos simples. O que impele a pintar, desde o Paleolítico até os nossos dias? O que toda pintura têm em comum?

Talvez um olhar digressivo, uma aproximação ao mundo imaginal – nas brechas entre o material e o espiritual – dos ícones bizantinos, um olhar demorado sobre o retrato espantosamente próximo de uma jovem do primeiro século em El Fayoum, ou o espanto produzido pelas pinturas pré-históricas cada vez mais recuadas no tempo, ajudem a desarmar algumas armadilhas do visível que nos rodeia.

Laura é artista visual e escritora, professora adjunta do departamento de Teoria do teatro da UNIRio

Fonte:http://www.blogdoims.com.br/#ims/precisamos-falar-sobre-as-imagens?&_suid=1419000661022011116145009446304

   Pensando sobre as questoes levantadas no texto, geralmente achamos que quem vai ao museu é gente interessanda em ver o que tem la dentro, ver sua arte e tal. Porem nem sempre isso acontece, as pessoas nem sempre estao preparadas para ver e pensar sobre as imagens e o que veem. Lembrei que pessoas tambem vao ao museu porque por obrigaçao e sem interesse do que tem la dentro, vai numa exposiçao porque esta "bombando" e para mostrar que apenas foi no caso de selfs e localizadores. Vendo esta imagem das crianças no museu, será que o quadro por si so nao é tao atrativo que é necessario se apegar a um aplicativo, será que nao podemos ver a imagem e refletir o que ela representa para nos pessoalmente tendo que ler informaçoes extras sobre ela. Isso ate podemos fazer sim mas depois ou antes que escolhemos nossas imagens preferidas e saimos do museu. Nao sei o que dizer, apenas fico pensativa sobre isso... Será que estou ficando atrasada no tempo por nao querer me apropriar destas tecnologias?! Adoro computador mas a ponto de deixar de ver imagens presenciais para ficar com as virtuais não. Pode ser que eles estao anotando suas percepçoes no bloco de notas virtual né como faço ao ir nas expos e posso passar a mesma impressao que eles. Nao sei, é tudo muito questionador. 

Proximo: DIlemas da curadoria é o proximo texto do dia 20/01

 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

PRECISAMOS FALAR SOBRE IMAGENS (PARTE 1)

O texto abaixo fala sobre o poder das imagens que mesmo estando cercada delas acaba sendo nao nos afetando. Elas se tornaram banais e nao nos afetando tanto

Precisamos falar sobre imagens

POR Laura Erber Colaboração especial | 15.12.2014


O título deste texto não é um chamado, um apelo, credo íntimo ou estético, apenas a constatação banal de que imagens, muitas delas, nos impelem a falar. E, como se não bastasse a eloquência visual de que muitas são portadoras, falamos também por elas, em seu lugar, como se compelidos à tradução que transforma o visível em legível. Falamos tanto e talvez, entre outras razões, porque, apesar da enxurrada cotidiana a que somos submetidos e para a qual também contribuímos, a definição de imagem seja ainda escorregadia e sua percepção, problemática. Ora deduzimos das fotografias aquilo que estaria atrás do que mostram, como um subtexto a ser extraído e explicitado, ora as utilizamos para fazer calar os discursos pela força de uma evidência visual que julgamos indiscutível.
A história recente do olhar é também a história do olho ameaçado pelo excesso de visível e pela falta de imagens. A fotografia eloquente, através da qual algo fala, e a fotografia como elemento comprobatório, muda e inibidora do verbo, são apenas dois dos possíveis modos de nos confrontarmos com o visível que nos rodeia. E, ainda assim, talvez não se trate ainda de imagens num sentido mais pleno ou radical, se aceitarmos que a existência de uma imagem depende não tanto de sua capacidade de afirmar o visível, mas de fazer com que o olhar hesite diante daquilo que vê. Daí a situação paradoxal na qual, mesmo em excesso, a imagem, como algo que se destaca do visível, continua a fazer falta.
Tomo como exemplo o Facebook, esse espaço de murmúrios e lamentos, sem entradas ou saídas, jardim de nossos narcisos em flor, pulsões escópicas cotidianas e compulsivos compartilhamentos de links em geral mais eficazes para a sobrevida da informação do que para seu metabolismo. Lugar também do desacordo, do desagravo, da gritaria, da citação e dos gatos. O que poderia ser – e às vezes é – um dispositivo de enlace crítico ou poético entre texto e imagem acaba reduzido ao cacoete da redundância ilustrativa ou da legendagem infinita, preferencialmente sob a forma lapidar do comentário breve. O layout dos murais verticais incentiva, ou pelo menos não impede, o tensionamento de imagens e textos.
Nesse ambiente, porém, toda imagem já funciona de antemão como comentário - e aí não importa muito se o tema é a última novidade futebolística, a catástrofe urbana do dia, o menu do almoço de domingo ou a menina tomando banho de esgoto na sua cidade. As condições de visibilidade de uma imagem na rede são precárias, entre tantos motivos, porque o ambiente midiático de compartilhamento tem como modelo a informação jornalística, a mensagem. Por mais distintas que sejam as fotos disseminadas, tudo fica nivelado pela ilusão de transparência e pelo imediatismo da codificação social. Assim, o mundo das imagens é frequentemente tomado por imagem do mundo, através de fotos que afirmam o que mostram e mostram o que afirmam.

 

Kunsthistorisches Museum, Viena, 1987

                                                                            
                                                                   
   
                                                                                                                                         Rijksmuseum, Amsterdam, 2014
           As duas fotos acima constituem cenas de leitura de imagens em ambientes museológicos. Uma delas faz parte de meu arquivo pessoal, a outra viralizou recentemente nas redes sociais por apresentar um grupo de jovens de costas para A ronda noturna, de Rembrandt, e não só isso, mas também o magnetismo das pequenas telas de seus celulares, enquanto a grande tela fica evidenciada ali atrás por abandono. Nesse caso, parece que, ao compartilhar a imagem, compartilhava-se também a ideia de que certo mundo perceptivo teria chegado ao fim. Jovens alienados, não se fazem mais espectadores como antigamente etc. O olhar tátil, da concentração imersiva, da capacidade de experimentar uma pintura grandiosa em sua potência plástica e estética se perdeu. É o fim do mundo, ou pelo menos, o fim de certo mundo em que ainda éramos capazes de detectar a verdadeira imagem no brejo da mediocridade circundante.

   Essa melancolia não é completamente infundada. Entretanto, se abrirmos mão do seu catastrofismo, recuando um pouco na leitura, talvez a foto nos diga bem menos sobre o fim dos tempos do que sobre a condição perceptiva em tempos de hipermediação do visível. Diante dela, como diante de uma cena flagrada em determinado instante, talvez o que se mostre seja não mais do que um grupo de jovens muito louros, provavelmente estudantes do ensino médio ou secundário, sentados perto uns dos outros e com os olhos voltados para seus celulares. Ao fundo, uma grande tela escura com homens “de antigamente” procurando alguém ou alguma coisa num ambiente de sombras atingido por um feixe de luz.
continua terça que vem...

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