O texto de hoje fala sobre a existencia da arte e foi escrita por:
Vergílio António Ferreira
Portugal
1916 // 1996
Escritor/Ensaísta/Professor
Nós não nos damos
conta de como a arte nos trespassa de todo o lado. Anotar isso aos que
vaticinam a morte da arte. Isto ao nível mais corriqueiro. Dispor os
móveis numa sala é fazer arte. Ou olhar uma paisagem, pôr uma flor na
lapela, ou num vaso. Escolher uma gravata, uns sapatos. Provar um fato.
Pentear-se. Fazer a barba ou apará-la quando comprida. Todas as coisas
de cerimónia têm que ver com a arte. E o corte das unhas.
Todo o jogo. Toda a verdade que releva da emoção. Às vezes mesmo a escolha do papel higiénico. Mas mesmo a desordem. Bergson, creio, dizia que se tudo fosse desordenado, nós acabaríamos por ler aí uma ordem. E não é o que fazemos ao inventarmos as constelações?
Todo o jogo. Toda a verdade que releva da emoção. Às vezes mesmo a escolha do papel higiénico. Mas mesmo a desordem. Bergson, creio, dizia que se tudo fosse desordenado, nós acabaríamos por ler aí uma ordem. E não é o que fazemos ao inventarmos as constelações?
Admitir a morte da
arte é admitir a morte do homem, que impõe essa arte a tudo o que vê.
Mas tenho de ir à casa de banho. A ver se invento arte mesmo aí. (Mas
quando disse «casa de banho» e não «retrete», já a inventei.)
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 3'
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 3'
Minha interpretação: A arte esta por todos os cantos sim mas precisa do ser humano que esteja aberto para poder capita-la e dar sentido a ela. Nao é porque ela existe que tudo quw se faz vira arte. O texto ao meu ver quer dizer que as ações do dia a dia e a intenção do homem é que dao inspiraçao para tornar a arte real.
fonte: http://www.citador.pt/textos/a-arte-esta-em-todo-o-lado-vergilio-antonio-ferreira
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