- Contribuição para a vitalidade da cidade
Apesar de uma das coisas de que eu mais goste no Glen Echo Park seja o
 fato de ele ser relativamente quieto (com exceção das crianças 
brincando) e não particularmente urbano, uma nova pesquisa do National 
Trust confirma que propriedades menores e mais velhas também são 
responsáveis por contribuições importantes para a vitalidade urbana.
  Com base em análises estatísticas do tecido construtivo de três 
grandes cidades americanas, a pesquisa (intitulada Mais Velha, Mais 
Forte, Melhor) indica que bairros estabelecidos com uma mistura de 
prédios menores e mais antigos têm melhor performance em várias métricas
 econômicas, sociais e ambientais do que aqueles com estruturas novas e 
maiores. A chave parece ser a diversidade que prédios mais velhos e 
menores trazem para os bairros:
   “Edifícios de diversas idades e pequena escala oferecem espaços 
flexíveis e baratos para empreendedores lançarem novos negócios e servem
 como cenários atraentes para novos restaurantes e para o comércio 
local. Eles também oferecem opções de moradia que atraem jovens e criam 
espaços com escala humana para caminhadas, compras e interações 
sociais.”
   Em particular, o estudo – conduzido pelo Laboratório Verde de 
Preservação do National Trust com vários parceiros respeitados – se 
baseou em análises espaciais para determinar o papel relativo da idade, 
diversidade de idades e tamanho, além de outras medições. Mais de 40 
métricas de performance foram consideradas, entre elas vibração 
cultural, performance do mercado imobiliário, opções de transporte e 
intensidade de atividade humana.
   Comparados com distritos dominados por prédios mais novos e maiores, 
aqueles com edifícios menores e mais velhos têm várias vantagens, de 
acordo com o estudo:
. Distritos mais antigos têm maior densidade populacional e mais negócios por metro quadrado comercial;
. Prédios menores e mais antigos sustentam a economia local com mais negócios locais e menor presença de grandes cadeias;
. Distritos mais antigos oferecem mais oportunidades para o empreendedorismo, incluindo para mulheres e negócios cujos donos pertencem a minorias;
. Há mais espaços culturais em bairros antigos e de uso múltiplo (residencial e comercial);
. Os índices de Walk Score e Transit Score são melhores;
. Edifícios antigos atraem mais jovens e têm mais diversidade de faixas etárias;
. Há mais vida noturna em ruas com prédios de diferentes idades.
. Prédios menores e mais antigos sustentam a economia local com mais negócios locais e menor presença de grandes cadeias;
. Distritos mais antigos oferecem mais oportunidades para o empreendedorismo, incluindo para mulheres e negócios cujos donos pertencem a minorias;
. Há mais espaços culturais em bairros antigos e de uso múltiplo (residencial e comercial);
. Os índices de Walk Score e Transit Score são melhores;
. Edifícios antigos atraem mais jovens e têm mais diversidade de faixas etárias;
. Há mais vida noturna em ruas com prédios de diferentes idades.
   De fato, pode-se dizer com base nesses resultados que os bairros mais
 antigos, com prédios de variadas idades e tipos são mais urbanos, pelo 
menos no sentido tradicional, que aqueles onde há prédios maiores e mais
 modernos. A metodologia parece ter sido rigorosa e eu aconselho os 
leitores interessados a mergulhar no estudo completo, que tem cem 
páginas e muitos apêndices.
- Contribuição para a sustentabilidade ambiental
   Quando se trata de sustentabilidade – pelo menos no sentido literal –
 não precisamos de dados para demonstrar a performance de edifícios mais
 velhos: sua existência continuada prova que eles, de fato, se sustentam
 ao longo do tempo. Dito isto, temos dados, pelo menos no que diz 
respeito à sustentabilidade ambiental.
   Em particular, outro estudo do Laboratório Verde de Preservação, 
lançado dois anos atrás, concluiu que pode demorar entre 10 a 80 anos 
para que um edifício novo e eficiente do ponto de vista energético 
supere os impactos causados por sua construção. A pesquisa considerou 
seis tipos de prédios em quatro cidades americanas de climas diferentes:
 Portland, Phoenix, Chicago e Atlanta.
   Os dados foram compilados e analisados para os seis tipos de uso dos 
edifícios (ou reuso, no caso de prédios mais antigos), incluindo 
residências de uma só família, prédios com mais de uma família, 
edifícios de escritórios, edifícios de uso misto, escolas fundamentais e
 armazéns convertidos. O estudo examinou o papel de geografia, 
performance energética, tipos de energia utilizada, tipo de construção e
 tempo de vida da construção na performance ambiental geral quando 
comparados prédios antigos reutilizados e novas construções.
   As principais conclusões do estudo incluem:
. A reutilização de edifícios tipicamente oferece mais ganhos 
ambientais de curto prazo que demolições e novas construções. Para cinco
 dos seis tipos de prédios avaliados no estudo, o prazo para superar os 
impactos ambientais negativos relativos à construção podem levar de 10 a
 80 anos, caso o novo prédio seja 30% mais eficiente que um edifício 
existente de performance energética mediana;
. Os benefícios são maximizados se a reutilização é praticada em escala. Por exemplo, adaptar, em vez de demolir e construir, apenas 1% dos prédios de escritório e residenciais na próxima década ajudaria a cumprir 15% das metas de redução de emissões de CO2 do condado de Multnomah para os próximos dez anos;
. Os maiores benefícios do reuso são obtidos com a minimização do uso de novos materiais de construção.
. Os benefícios são maximizados se a reutilização é praticada em escala. Por exemplo, adaptar, em vez de demolir e construir, apenas 1% dos prédios de escritório e residenciais na próxima década ajudaria a cumprir 15% das metas de redução de emissões de CO2 do condado de Multnomah para os próximos dez anos;
. Os maiores benefícios do reuso são obtidos com a minimização do uso de novos materiais de construção.
   Eu acrescentaria que edifícios antigos, desenhados e construídos 
antes do que meu amigo e arquiteto Steve Mouzon chama de “era do 
termostato”, costumavam ser planejados com mais atenção às condições 
climáticas do que as construções atuais. Medidas como paredes mais 
grossas, pés-direitos altos, ventilação adequada e orientação dão a 
essas construções as “propriedades verdes” que ajudam a economizar 
energia e evitar emissões de gases causadores do efeito estufa.
- Mude, mas faça as perguntas certas
   Para concluir, devo acrescentar enfaticamente que, apesar de tudo, 
não quero dizer que os lugares não devam mudar ou evoluir. Seria 
hipocrisia da minha parte, como um defensor da revitalização, sugerir o 
contrário. Devemos abraçar as mudanças para melhor — uma mudança que, 
como sugere o professor Ujang, não borra a distinção de lugar, mas sim 
acrescenta a ela. O que é importante é termos consciência: admito que 
não é fácil discernir com antecedência quais mudanças serão positivas e 
quais serão negativas com relação a nossa experiência de lugar, mas os 
bons planejadores sempre têm de fazer essa pergunta. E temos sempre 
tentar o nosso melhor para garantir que as mudanças nutram, e não 
diminuam, a experiência humana.
Fonte: Brasil Post
Proxima Postragem: 12/08 http://www.blogacesso.com.br/?p=7554
 
 
 
 
 