O texto foi dividido em duas partes e é bastante critico, pois comenta como a arte e as politicas culturas sao vistas pelos governantes...
DESCASO PELA ARTE
"Olá pessoal,
compartilhamos um texto escrito
pelo Almandrade.
Agradecemos a gentileza
e desejamos boa leitura a todos!!"
"Na época atual, a
fatalidade de toda e qualquer arte é ser contaminada pela inverdade da
totalidade dominadora."
Theodor W. Adorno
A arte
como um trabalho intelectual, que amplia a experiência que o homem tem do real
e do imaginário, se opõe ao trabalho alienante da sociedade moderna. Por outro
lado, no meio de arte convivem compromissos e interesses alheios à própria
arte; suas condições de produção se encontram dentro de um campo social e
político, sujeito a um conjunto de pressões. O Estado, os patrocinadores e o
mercado, visando interesses imediatos, privilegiam, muitas vezes, artistas
cujas obras pouco acrescentam ao mundo da inteligência.
No
espetáculo montado pela política, tudo se confunde, tudo passa pela ideologia
do poder e pela estética do espetáculo, como a educação, a economia, a ecologia
e os discursos políticos. Nesse palco, a cultura foi relegada a uma coisa
mundana, uma espécie de conhecimento ornamental que serve à mídia e ao jogo
social; a arte perdeu sua singularidade e suas qualidades que a colocavam acima
das banalidades do cotidiano, deixando de ser o olhar que interroga, que
transforma cores, texturas, formas, experiências sensoriais em meio de
conhecimento. Nesta relação cultura e poder, insere-se a "crise da
arte", onde o poder tem prevalecido diante da pesquisa estética.
Enquanto
trabalhos que têm alguma importância pela pesquisa neles investidos, passam despercebidos
trabalhos diluidores da informação, reproduções de clichês divulgados pela
mídia são celebrados pelos consumidores de decorações e divertimentos
culturais. Uma sociedade sem demandas culturais acaba fazendo da arte uma
atividade menor. O cotidiano da política e da economia faz o discurso que se
infiltra em todos os espaços, expulsando a cultura para a periferia dos
interesses da cidadania. Os artistas, que mesmo sem construírem uma obra, tem
os seus reconhecimentos garantidos pela indústria da publicidade, se sobrepõem
àqueles que têm uma vida dedicada à pesquisa e ao trabalho de edificar uma
linguagem, contribuindo para a demolição da ética e do pensamento crítico.
Sem uma
consciência crítica e sem uma convicção ética, artistas, críticos,
intelectuais, administradores culturais inventados pela mídia e pelo poder
político tomam posição e decidem contra a autonomia e a independência do
trabalho de arte. Promovem e divulgam os bens culturais em proveito próprio,
para se sustentarem de forma privilegiada numa relação de poder. – Nada mais
paradoxal, por exemplo, do que essas leis de incentivo a cultura. Por que
incentivar a cultura se ela é um componente essencial para o enriquecimento da
sociedade? Antes de ser uma questão de lei, a cultura é uma questão de
sensibilidade e de cidadania.
(PArte 1)
Continua na semana que vem. Para ver o texto todo clique aqui: http://repensandomuseus.blogspot.com.br/2014/11/o-descaso-pela-arte_18.html?spref=fb
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