Os artistas e as universidades: Liberdade de Criação? Publicado: 22 de junho de 2013 em Explosão
As
universidades sempre valorizaram as manifestações culturais e foi,
consequentemente, palco de surgimento de movimentos artísticos. Em um
rápido contexto histórico, no Brasil do século XIX, a Faculdade de
Direito instalada no antigo Convento de São Francisco, foi cenário de
uma grande escola literária: O Ultrarromantismo. Foi também na
universidade que Salvador Dalí conheceu Buñuel e Federico García Lorca.
Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, década de 1970, surgiu a
Geração Mimeógrafo. Era em universidades que Austregésilo Carrano Bueno
divulgava o seu livro “Canto dos Malditos”.
Diversas
bandas de Rock também surgiram ou tocaram pela primeira vez em uma
universidade. Foi um período de efervescência cultural e de inquietação
que marcou a História, a Psicologia, as Letras, as Artes, que mostravam
mecanismos de sobrevivências diante um cotidiano entediante, sufocante e
inóspito.
A arte
sempre foi uma aliada de intervir na rotina, impactar e de suavizar o
sufoco da sociedade e das instituições. Há diferentes formas de
intervenção ou de interferência para humanizar um ambiente: pode ser a
literária através de matérias-primas do inconsciente e com isso,
promover desenhos em versos. Há quem busca na música, as canções de suas
dores. Há quem busca no graffiti condições de interação e denunciar o
desconforto de estar em um espaço de pouca comunicação, reflexão e
companheirismo.
Nos últimos
anos, parece que a arte só existe nos livros e na internet. As
universidades que outrora prezavam esse contato visceral com os poetas e
músicos, deram espaço para uma instituição com parcas manifestações
culturais que apenas geram mão de obra qualificada e barata. A Cultura,
que era um pilar de sustentação das universidades, foi trocado pelas
certezas da racionalidade. Impossível não lembrar uma frase do poeta
Chacal: “Cultura sem Educação é entretenimento insosso. Educação sem
Cultura é formatação para o mercado de trabalho”. As universidades devem
resistir perante as tentações do Capitalismo. É necessário prezar as
suas raízes e incentivar as expressões livres do âmago gritante de um
sujeito.
Se nem as
universidades oferecem espaço para a Liberdade de Criação, onde mais os
artistas poderão se expressar livremente? Já que apreciamos a
comunicação visual, por que as paredes dos blocos estão sempre em cores
neutras? Uma parede pode ser também uma excelente mensageira de
angústias. Diferente em uma folha de papel, a escrita não está morta
quando é colocado em uma parede, por isso que o graffite impõe a nossa
atenção. O graffite denuncia, escandaliza, enfrenta, zomba e nos faz
pensar ou nos emocionar. Tudo o que provoca a emoção e nos leva à
reflexão, possui valor Estético e Cultural, desenvolve a inteligência,
incita a capacidade de socialização, amplia o conhecimento e a
sensibilidade.
Acredito na
necessidade de não afastarmos os artistas das universidades. São
parceiros que deram certos ao longo da História. Se a arte é impactante,
serve para repensarmos algumas questões. Se deixarmos o Capitalismo
romper de vez a ligação da arte com as universidades, seremos apenas
mãos de obras e consumidores. As tentativas do Capitalismo em desprezar a
Emoção e a Estética, revela que a próxima tentativa será com a ruptura
de conhecimento científico das universidades. A genialidade da frase do
Chacal atinge uma precisão incrível e me dou a liberdade de acrescentar
um pensamento: Educação sem Cultura é instituição manicomial.
Obs.: Esse artigo será publicado também, segunda-feira, no site Olhar Direto!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário