Ola leitores do Templo. O Texto de hoje foi uma copia do blog repensando museus. Ele foi escrito em primeira pessoa entao nao fiz nenhuma modificação de pessoa para que ele continuasse como o original.
E quando nem se é considerado possível público dos museus?
ENVIADO PELA CELIA FLORES (autora do texto).
Recentemente tive acesso ao “Relatório final da pesquisa – O ‘não público’ dos museus:levantamento estatístico sobre o ‘não ir’ a museus no Distrito Federal” e logo fiquei curiosa para percorrer as páginas e desvendar os resultados obtidos através da pesquisa. E, também, logo percebi a exclusão das crianças como possível público considerado por ela. Não sendo “economicamente ativas”, as crianças não foram consideradas neste estudo.
Prosseguindo
na leitura, fui sendo impelida, pelos próprios argumentos da investigação, a
pensar que precisamos considerar as crianças como potenciais frequentadores dos
museus. A começar pela própria finalidade da pesquisa em questão – “oferecer
subsídios para a constituição de melhores e mais eficazes políticas
públicas para o campo museal…” (p. 2, grifos meus), a leitura dos resultados
obtidos deve anunciar reflexões e ações que transformem uma realidade que já é,
há muito, conhecida: a maior parte da população do nosso país NÃO frequenta os
museus.
Em
2005, ingressei no Mestrado em Educação na UFSC, tendo como projeto de pesquisa
um estudo exatamente sobre crianças e museus – com dissertação defendida em
2007, intitulada “O que as crianças falam sobre os museus…”. E um dos
questionamentos que me levaram a este recorte foi pensar em por que numa cidade,
como o Rio de Janeiro, tantas pessoas passam diariamente em frente a museus e
não entram, nem ao menos pensam sobre a possibilidade de ir lá, por curiosidade,
que seja. Naquele momento eu ainda não havia feito muitas leituras sobre o
tema, mas já tinha a ideia de que museus eram equipamentos acessados por
poucos…
Assim
como encontro neste Relatório final, as relações entre escolarização e
frequência nos museus, por exemplo, já foram percebidas anteriormente. E,
agora, me pergunto se as ações desencadeadas por este documento devem continuar
centradas apenas na população economicamente ativa; ou se isso será, algum dia,
suficiente.
Voltando
a argumentos do próprio documento, se sabemos que “(…) a prática cultural de ir
a museus não constitui um ato natural. É resultado de um processo dinâmico de
constituição cultural” (p.3), me parece coerente aproximar as crianças desta
prática. Se o papel dos adultos numa sociedade (ao menos no que tange às
relações que estabelecem com as crianças) é apresentar a elas o mundo social no
qual estão inseridas, ampliar suas possibilidades de visão e leitura deste
mundo, “apresentar” os museus para esses sujeitos de pouca idade, é nossa
função! Se compreendemos que a construção “dos meios simbólicos necessários
para a fruição dos bens culturais musealizados são adquiridos pela educação
familiar e escolar, isto é, pela transmissão de capital cultural mediante
práticas pedagógicas formais e informais”(p.3), é urgente desenvolvermos ações
efetivas (e criativas) que envolvam o público infantil dos museus.
Me
parece que continuar não percebendo as crianças como possível público dos
museus faz perdurar o índice altíssimo de sujeitos economicamente ativos e
totalmente distantes da frequência nos museus, distantes da possibilidade de
entendimento destes espaços como um dos lugares onde se encontra lazer e
diversão, percepção vivenciada por um público, hoje, muito, muito restrito.
Inevitável voltar lá em minha pesquisa de Mestrado, quando ouvi crianças falando sobre museus, constatarem que museu é “lugar para aprender, divertir-se e ver arte”. Não é, afinal, o que gostaríamos de possibilitar a todos?
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