Finalizamos finalmente esta semana com a terceira parte do texto, parte esta que se foca na cultura brasileira e os beneficios e problemas enfrentados assim como os beneficios que ela pode trazer.
Somos internacionalmente reconhecidos e admirados por nossa criatividade e pela riqueza de nossa diversidade cultural. Semiodiversidade e biodiversidade são a nossa maior riqueza. É através delas que temos nos afirmado internacionalmente. Nossa verdadeira vocação está delimitada pela cultura brasileira. É ela que nos tem feito singulares e festejados mundo a fora. Existe hoje, em praticamente todo o mundo, um grande interesse pela nossa cultura, que vem acompanhando o crescimento da presença econômica e política do Brasil. Isso acontece com nossa música, nossas manifestações tradicionais, nosso futebol arte, telenovelas, nosso cinema, arquitetura, nossa dança e nossa inteligência corporal. Temos nos destacado pelo nosso amor à vida e por nossa alegria e disposição para celebrações e festas, e pela nossa capacidade de assimilação e convívio entre diferentes… Entretanto, temos que admitir, não estamos preparados para atender a estas demandas culturais elencadas acima, nem internamente, nem para este crescente mercado internacional.
Somos internacionalmente reconhecidos e admirados por nossa criatividade e pela riqueza de nossa diversidade cultural. Semiodiversidade e biodiversidade são a nossa maior riqueza. É através delas que temos nos afirmado internacionalmente. Nossa verdadeira vocação está delimitada pela cultura brasileira. É ela que nos tem feito singulares e festejados mundo a fora. Existe hoje, em praticamente todo o mundo, um grande interesse pela nossa cultura, que vem acompanhando o crescimento da presença econômica e política do Brasil. Isso acontece com nossa música, nossas manifestações tradicionais, nosso futebol arte, telenovelas, nosso cinema, arquitetura, nossa dança e nossa inteligência corporal. Temos nos destacado pelo nosso amor à vida e por nossa alegria e disposição para celebrações e festas, e pela nossa capacidade de assimilação e convívio entre diferentes… Entretanto, temos que admitir, não estamos preparados para atender a estas demandas culturais elencadas acima, nem internamente, nem para este crescente mercado internacional.
Tal realidade salta aos olhos. Nós, brasileiros, temos muitas
condições e possibilidades de nos tornarmos um dos maiores produtores de
conteúdos e bens culturais e a termos nesta economia um dos eixos
centrais de desenvolvimento e produção de riqueza, juntamente com a
indústria tradicional, o agronegócio e o setor tradicional de serviços.
Para que em dez ou quinze anos tenhamos atingido essa meta, deveremos
pactuar uma grande política, capaz de fazer dessa riqueza cultural uma
grande atividade econômica.
Essa é uma estratégia que conta com grandes dificuldades para ser
elaborada e implementada. A amplitude de questões que envolvem o campo
cultural e sua economia são grandes complicadores. É enorme o leque de
assuntos em pauta. Ele envolve desde políticas educacionais até novas
tecnologias do conhecimento. Ele exige a formatação de novos modelos de
negócios. O estágio de dispersão em que vivemos e a falta de formulação e
informação do próprio setor cultural sobre as grandes questões que
envolvem a cultura, associados aos entraves que restringem as cadeias
produtivas e o conjunto dessa economia, bem como a falta de clareza de
muitos quanto ao papel do estado e da iniciativa privada, são desafios
que temos que enfrentar.
(...) O Brasil precisa de um novo Projeto de Nação, construí-lo com a sociedade é a nossa maior missão. (...) Temos que ter a compreensão
de que não basta aumentar o poder aquisitivo da população. A educação
de qualidade e o acesso pleno à cultura são componentes básicos do nosso
desenvolvimento. Para que a nossa economia da cultura avance ela também
depende da inclusão de milhares de brasileiros que dela carecem.
O governo herdou a tradição de manter e
“estimular” um Ministério da Cultura fraco e atrofiado
institucionalmente:(...) a
histórica insuficiência de recursos alocados ao setor cultural.
Levantamentos apontam que o orçamento do Ministério da Cultura na década
anterior recorrentemente o menor de todos os
orçamentos ministeriais, criando uma grande desproporcionalidade entre a
importância da cultura e sua presença efetiva na vida social do país.
(...) As razões desse enfraquecimento da
responsabilidade do Estado no que se refere à cultura se encontram, por
certo, na estreita visão da matéria, e do papel do Estado dela
decorrente.
Além do
mais, é por meio do desenvolvimento cultural que a sociedade
capacita-se a produzir idéias e processos contra-hegemônicos.
"Para nós, a cultura está investida de um papel estratégico,
no sentido da construção de um país socialmente mais justo e de nossa
afirmação soberana no mundo. Porque não a vemos como algo meramente
decorativo, ornamental. Mas como a base da construção e da preservação de nossa identidade, como espaço para a conquista plena da cidadania, e como instrumento para a superação da exclusão social – tanto pelo fortalecimento da auto-estima de nosso povo, quanto pela sua capacidade de gerar empregos e de atrair divisas para o país.
Quando assumiu o Ministério da Cultura, em janeiro de 2003, o
Ministro Gilberto Gil afirmou em seu discurso de posse: “Tenho para mim
que a política cultural deve permear todo o Governo, como uma espécie de
argamassa de nosso novo projeto nacional”. Nessa frase se expressa de
forma clara a nossa convicção sobre a centralidade da atividade cultural
numa vida política e social mais elevada, e sobre a importância da
atividade cultural para a economia do país, para a criação de novas
oportunidades de trabalho mais qualificado.
A cultura produz muitas “externalidades”; os impactos dos processos
simbólicos, das ações e dos conteúdos culturais e artísticos iluminam de
diversas formas os diferentes segmentos da sociedade e a vida das
pessoas nas mais diversas dimensões: impactos da cultura são visíveis na
economia, na saúde, na educação, na ciência e tecnologia, na pesquisa,(...) na possibilidade de desenvolvimento de
subjetividades complexas, fundamentais na formação de uma cultura
democrática, solidária e participativa. (...)
Diante desta compreensão passamos a operar uma política cultural unindo três de suas dimensões mais fundamentais.
Inicialmente, a cultura em sua dimensão simbólica. A
arte e a cultura intimamente conectadas com a interpretação que fazemos
do mundo. Afinal, é no campo da cultura que se qualifica as relações
sociais. É ela quem “dá liga” à cidadania. É através dela que nos
identificamos como partes de uma mesma nação.
Cabe aqui um parêntesis. O destaque que aqui se dá a amplitude do
conceito de cultura em nenhum momento pode obscurecer a importância que
tem a arte para a sociedade humana. Desde a sua mais remota manifestação
a arte está associada ao sentido da vida e à transcendência da condição
humana. A arte é a parte mais sofisticada da cultura humana. Ela é sua
essência. Arte é a cultura de todos recriada por um indivíduo,
por isso cada obra de arte é única, insubstituível. A arte consegue
essa façanha aparentemente impossível: unir o máximo de individualidade e
o máximo de expressão coletiva.
Depois, a dimensão cidadã. A cultura como fator de
inserção social, como um direito fundamental, como uma necessidade
humana básica,(...). Algo sem o que o ser humano não se
realiza.
E, por fim, a cultura como matéria prima de um dos processos mais dinâmicos da economia, sua dimensão econômica,
algo em franca expansão em todo o planeta (...).
Com base nesses princípios e segundo esses conceitos de política
cultural, aqui elencados, avançamos por todo o território nacional.(...)
Mas, apesar de tudo o que fizemos ainda há muito a realizar. Mesmo com todo o esforço do Governo para ampliar o orçamento da
cultura, nosso déficit é imenso (...) 92% dos municípios não têm um cinema sequer,
nem teatros ou museus, e menos de 14% dos brasileiros vão ao cinema uma
vez por mês; 92% nunca foram a museus, 93% não vão a exposições de arte e
78% não assistem a espetáculos de dança.
Muitos não sabem que a cultura movimenta uma economia que emprega
mais que a indústria automobilística. Essa economia em franca expansão tem demandado regras claras
e transparentes, exigido um marco legal que garanta o direito do autor –
de artistas e criadores, e que viabilize um maior acesso do cidadão aos
bens culturais; que elimine os entraves à livre negociação, e que, ao
mesmo tempo, dê segurança jurídica também ao investidor. Precisamos de
uma legislação que nos inclua no mundo digital, e que garanta neste
universo de relações e mídias os direitos do autor. Que, enfim, nos
atualize na história.
(...)
(...)
Juca Ferreira
Sociólogo e Ministro de Estado da Cultura
Sociólogo e Ministro de Estado da Cultura
“A centralidade da cultura no desenvolvimento” – In. Barroso, Aloísio Sérgio; Souza, Renildo (orgs.). Desenvolvimento: idéias para um projeto nacional. São Paulo: Fundação Maurício Grabois, 2010. p. 265-278.
Comentario: Desde o inicio queria evitar as partes relacionadas a governo e me concentrar apenas na fala sobre a cultura, porem num texto retirado de um site de governo é inevitavel entao nao teve como fugir e sim encara-lo de frente pois no papel tudo pode ser escrito e fica muito bonito de ser lido porem vai ver a realidade da cultura num pais no qual as escolas (principal fonte de ensinamento da cultura) muitas vezes nao possui um material descente ou os professores um salario digno sendo que estudar em escola publica antigamente era orgulho e hoje muitos pais preferem a particular para dar um pouco mais de conhecimento ao filho. No Brasil, obras e bens publicos mal são inaugurados e junto com eles alguem quer deixar sua marca ou algo do tipo. E entao vem um texto deste exaltando a importancia da cultura e ao mesmo tempo nos atualiza aos dados culturais vividos pela vida real, dados estes que são reflexo da condição de muitos que precisam muito mais de comida e casa para morar nao tendo tempo para se preocupar com a cultura que aqui geralmente é ligada a pessoa rica. E ai como ficamos nisso?!
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